sábado, agosto 16, 2008

O Comboio

No Rossia aprendemos a viver com o essencial. É uma experiência de autêntico despojamento e um regresso à nossa memória primitiva. O Rossia tem 17 carruagens, uma carruagem 9 cabines e cada cabine deve medir 3 x 2 metros . As cabines são de quatro ou duas pessoas. Optámos pelas cabines de 4 porque apesar de não parecer à primeira vista proporcionam-nos mais espaço e mais segunrança.
Qualquer garfo fora do sitio causa uma grande perturbação na cabine. Tudo tem que estar ordenado e sobretudo a nossa disponibilidade para o outro tem que ser total.
Fizemos as primeiras compras na plataforma do comboio. Por dia há entre 5 a 12 paragens pelas diversas localidades siberianas. As paragens podem durar 20 minutos cada uma. Há paragens de apenas 2 minutos mas essas são apenas logisticas. As paragens mais longas servem para o Transiberiano cumprir o seu destino: transportar pessoas e mercadorias. E as mercadorias agora são petróleo, gás natural e madeira. As pessoas, essas, vêm de toda a Rússia mas também há japoneses e europeus. Há pessoas novas, velhas, homens e mulheres, jovens e crianças e também há animais de estimação que acompanham os seus donos nesta maravilhosa travessia pela Sibéria.
© Ana Paula Lemos

Já no Transiberiano

Estamos no Rossia, a maior linha férrea do mundo, que atravessa a Rússia, de Moscovo a Vladivostok. São 8:45. O silêncio é total na minha carruagem. A maioria dos passageiros ainda dorme, por isso, os corredores estão sem ninguém. As janelas, o lugar mais cobiçado do Rossia, por agora, estão completamente disponiveis. Afasto as cortinas e leio o mundo.
Já percorremos 1 434 km mas ainda faltam 4 mil km para chegarmos ao Baikal, a nossa primeira paragem com saída de comboio e dormida no Hotel. Há 14 horas que vivemos em andamento. Dormimos a nossa primeira noite dentro do Rossia. Já estamos completamente acomodados.
A próxima paragem é a cidade de Perm, 1 milhão de habitantes, a «nacionalidade » dos Gulag, uma cidade decadente, como todas as cidades da Sibéria.
De fora chega-nos um sol radioso que ilumina esta paisagem, que alterna entre bétulas e pinheiros ou uma imensidão de estepes. E eu vou intuindo as razões da alma russa, da Russia imperial, da Russia magestática, saudadosa do seu protagonismo internacional.
Nenhum russo abdica de se identificar como cidadão do maior país do mundo. A guia que nos acompanhou em Moscovo pertence ao grupo dos saudosos amantes do regime soviético. Tem mais de sessenta anos e explicava-vos que tinha uma completa incapacidade de ler o mundo segundo o alfabeto da globalização que também afecta o seu país talvez nas piores referências que lhe possamos fazer, como o consumo desenfreado e a obsessão pelo sempre novo.
© Ana Paula Lemos

Chegada à Estação de Comboio em Moscovo

A chegada à estação de comboio de onde parte o Trannsiberiano é sempre um dos momentos mais fortes desta aventura mítica que se escreve entre Moscovo e Pequim. Por várias razões, a primeira das quais é o ambiente depressivo e agressivo que circunda e inunda a estação, protagonizado pelas franjas sociais da cidade de Moscovo que parecem aqui encontrar uma excelente fonte de recolhimento e até de financiamento.
O alcoolismo continua a ser a maior praga social da cidade de Moscovo.As estações de comboio são sempre um lugar onde se deixa uma garrafa meia bebida, onde com a pressa, se deixa facilmente cair um rublo, onde há comida pelo chão. Por isso na estação de comboio de Moscovo encontramos seres humanos a quem a «vida» remeteu para estádios de inumanidade. Lembro-me do Inumano de François Lyotard...e jamais esquecerei um rosto com o qual me cruzei na estação de Moscovo, sugando uma sopa de uma imunda latrina, cujas formas lembravam um outro rosto que memorizei faz tempo nas páginas de um livro dedicado ao Holocausto.
A estação de comboio é assim um espaço pouco apetecível apesar das formas bem ordenadas que a arquitectura estalinista lhe projectou.
Entramos sermpre muito ansiosos...sabemos que para chegarmos às plataformas nos cruzaremos seguramente com várias centenas de pessoas, muitas delas, pouco recomendáveis o que nos causa sempre muita impaciência e alguma insegurança.
Depois de entrarmos no comboio é a vez da adaptação a um espaço colectivamente habitado, onde a partilha é a regra, o bem estar colectivo uma meta, e o equilibrio mental e físico uma absoluta necessidade.
© Ana Paula Lemos

(ainda em) Moscovo - Ilya Glazunov





Ilya Glazunov, o maior pintor russo do século XX foi o único cidadão soviético que nunca precisou de autorização especial para sair do país. Entrava e saía da ex URSS para pintar os grandes estadistas do mundo, desde João Paulo II a Indira Gandhi, passando pelo Rei Gustavo da Suécia e Juan Carlos de Espanha sem que ninguém se atrevesse a questioná-lo sobre os seus itinerários.
Ilya Glazunov era uma ilha de liberdade na cidadania russa. Estou certa de que também nada lhe faltava. Não tinha que entregar o seu tempo a pesquisar os dias em que eram distribuídos, pelo país ou pela cidade, os produtos como chá, fósforos, ou o azeite.
Seguramente Glazunov recebia em dólares. Se assim era a sua família abastecia-se nas lojas para estrangeiros, onde os produtos eram justamente pagos em dólares. Uma dessas lojas, talvez a principal de Moscovo, está a ser transformada num dos mais sofisticados hotéis da capital, aqui mesmo na Praça Vermelha, muito perto do Museu de História Russa.
Todos os russos dirão o mesmo de Ilya Glazunov: «o único artista do século XX que soube retratar a alma russa, o único artista verdadeiramente russo do século passado».
Visitámos a Casa Museu que Glazunov ofereceu ao Estado Russo aquando da celebração dos 850 anos da história da cidade, em Setembro de 2003.
Regressávamos nós, ainda delirantes, da visita ao Museu Puskine, quando ao atravessarmos a rua em direcção a uma das Torres do Kremlin, justamente do lado da Catedral de Cristo o Salvador, descobrimos Ilya Glazunov.
Pela localização da casa percebemos imediatamente que Ilya só podia ser uma das maiores figuras contemporâneas russas. Quem poderia viver entre o buraco que outrora já tinha sido o Templo de Cristo Salvador e o Kremlin, senão, uma figura proeminente da nação?




Moscovo - Catedral de S. Salvador 2

Ainda lendo Ryszard Kapuscinski : «…imaginemos que Mussolini, que naquela época governa a Itália, manda derrubar a Basílica de S.Pedro em Roma. Imaginemos que Paul Doumer, na altura Presidente da França, manda derrubar a Catedral de Notre-Dame. Conseguiremos imaginar semelhante coisa?»

Tudo o que estava na Catedral de Cristo o Salvador foi escondido no Kremlin. O Templo morre a 5 de Dezembro de 1931. No lugar do Templo ficou um imenso buraco. Abriu-se imediatamente concurso para a construção do Palácio dos Sovietes. A construção do Palácio dos Sovietes suscita no entanto duas perguntas: a primeira, porque tinha que ser tão grande? A segunda pergunta, porque se tinha que construir precisamente no lugar da Catedral de Cristo o Salvador? As respostas são simples: relativamente à primeira pergunta, porque o Palácio dos Sovietes teria de ser mais alto que qualquer outro momento de referencia do então mundo capitalista. A segunda resposta prende-se com o saque sistemático e constante feito pelos sovietes aos templos ortodoxos: destruíram todos os templos ou tornaram-nos sedes do Partido Comunista da URSS.
Estaline, porém, não conseguiu construir o Palácio dos Sovietes. Começaram os problemas internos no seu reinado, as purgas, e por isso, outros desígnios mais importantes o ocuparam.
Ali ficou o buraco até 1992, ano em que o povo da cidade de Moscovo, na maior manifestação cívica da cidade, reuniu dinheiro e força para edificar de novo o Templo de Cristo o Salvador, tal qual era. Não houve nenhum cidadão moscovita que não tivesse trabalhado gratuitamente para erguer o templo.
Mas até lá, aquele buraco, por ordem de Krutchev transformou-se numa piscina pública descoberta, tal como em 1830.


© Ana Paula Lemos

Moscovo - Catedral de S. Salvador

«Outono de 1812. Comandando o seu exército derrotado e dizimado, Napoleão sai de Moscovo, e abandona a Rússia. Sofreu uma estrondosa derrota. Os russos, triunfantes, desenvolvem uma ofensiva. Para patentear a sua gratidão à Providência por ter salvo a Rússia do aniquilamento que a ameaçava, o czar reinante, Alexandre I, decide construir em Moscovo um templo em honra daquele que salvou a Rússia, Cristo Salvador», escreve Ryszard Kapuscinski no seu livro O Império, editado em Portugal, pela Campo das Letras.
A verdade é que o templo não se construiu em vida de Alexandre I. Só em 1830, Nicolau I, retoma a ideia de construção do templo mas só muito mais tarde, com o Czar Alexandre III, a 26 de Maio de 1883 é que o templo é consagrado.
«E com razão. O Templo de Cristo Salvador ergue-se a um altura superior a 30 andares. Para a construção dos seus muros, de 3,2 metros de largura, gastaram-se 40 milhões de ladrilhos. Por dentro e por fora estão cobertos por placas de mármore de Altai e de Podole...o lugar sagrado é coroado por uma cúpula gigantesca coberta por uma placa de cobre cujo templo atinge as 170 toneladas…o sino principal pesa 24 toneladas…O interior está iluminado por velas colocadas em 3 mil candelabros…há entrada há um retábulo onde se gastaram 22 quilos de ouro…na parte inferior as datas e lugares das batalhas ganhas pelos exércitos russos, o número de mortos e feridos, o numero de condecorados…» lê-se ainda no livro de Kapuscinski.

Este templo, único no seu género e uma das obras mais importantes da arquitectura russa, durou apenas 48 anos.
Estaline mandou-o demolir em 1930 debaixo de um imenso silêncio, como se se pudesse silenciar a demolição da Catedral de Cristo Salvador. O certo é que nem um discurso, nem uma palavra, senão o anunciar no Pravda que naquele sítio iria ser construído o Palácio dos Sovietes.



© Ana Paula Lemos

Moscovo - O Pomar do Kremlin

Quando descobri um pomar nos jardins do Kremlin, a pouco mais de 200 metros do escritório do senhor Dmitri Medvedev, Presidente da Federação Russa, mesmo atrás da Catedral da Assunção, fiquei, obviamente, estupefacta e sempre que venho a Moscovo procuro visitá-lo.

Nunca imaginei encontrar um pomar no centro do poder russo, cuidadosamente tratado, recheado de maçãs pequenas mas muito vermelhas. Claro que nunca tive o atrevimento de experimentar alguma mas este pomar confere ao visitante uma tranquilidade que contrasta em absoluto, calculo eu, com o ambiente que se vive mesmo ali, à nossa frente, onde está instalado o comando das operações do poder russo.

Cada vez mais se sente o desejo profundo dos dirigentes russos na imprescinbilidade estratégica e histórica do país na cena internacional. Claro que o gáz natural e o petróleo são dois poderosos instrumentos ao serviço da Rússia para o seu posicionamento politico internacional mas a Rússia imperial não se satisfaz com esta dimensão económica que também é politica mas não é diplomática.



© Ana Paula Lemos



quinta-feira, agosto 14, 2008

Moscovo IV






Há mais pedintes nas ruas de Moscovo. Há mais «velhos miseráveis». Há, sobretudo, muitos seniores desprotegidos socialmente. Este é talvez o maior problema social da Rússia actual: os reformados do Estado Soviético, aqueles que ganham pouco mais de 100 € mas já não vivem num país onde o Estado planeou milimetricamente a vida do cidadão e, também por isso, não dispõem hoje em dia de uma rede de infra-estruturas que os apoie.
Os cidadãos moscovitas com mais de 60 anos têm uma vida muito difícil. Os mais novos, não se importam de ter dois e três empregos para conseguirem acompanhar o consumo desenfreado, patológico, que se vive hoje em Moscovo.
As grandes marcas estão muito bem representadas aqui em Moscovo, uma das três cidades onde a a Gucci, Chanel e Dolce & Gabbana mais vendem em todo o mundo.
Em plena Praça Vermelha, onde outrora os cidadãos soviéticos compravam, encontrámos os Armazéns do Povo, hoje os Gum, transformados no Centro Comercial mais caro da Rússia.
Se passearmos pelas ruas que circundam a Praça Vermelha, sobretudo do lado da entrada do Museu de História, perto do Bolshoi, encontramos as marcas distribuídas por quarteirões inteiros: Chanel, Louis Vuitton, Lacroix, e muitas outras. Mas também encontramos a Zara (mania) muito enraizada nas camadas mais jovens da população, uma loja fantástica da Esprit, enfim, o universo fashion espalhado pelos bairros mais in de Moscovo, todos concentrados no centro, rodeando a Praça Vermelha.




© Ana Paula Lemos








Moscovo III

Em Moscovo começam finalmente a existir cadeias de hotéis preocupadas com a sensibilidade estética dos viajantes europeus, a preços acessíveis às classes médias. Até há pouco mais de cinco anos, para além do Hotel Cosmos, uma referência hoteleira mundial construída aquando dos Jogos Olímpicos em Moscovo, em 1982, justamente para albergar os atletas, dirigentes e políticos, não exista nenhuma outra infra-estrutura hoteleira para os bolsos da classe media que aliasse modernidade a funcionalidade.
Hoje, Moscovo está repleta de muitas oportunidades a preços muito interessantes.
Continua, no entanto, a ser difícil o trato humano com os russos, em geral, e muito especialmente com as pessoas do universo da hotelaria ou mesmo do comércio.
Mas, atenção, o que parece, aqui na Rússia, nem sempre é.
Os russos são um povo aparentemente de poucas palavras, trato social frio, distante, indiferente à hospitalidade, quase avesso à presença de visitantes, mas só no primeiro contacto. De resto, se há amigos fiéis, os russos são esses amigos e se há povo solidário, os russos são esse povo.
Os russos precisam, porém, de tempo para socializar. Há aliás um tempo que os russos ainda não ultrapassaram que foi o tempo de um século de vigília permanente onde a liderança soviética fazia de cada um. o todo e, o todo, só um.
Este tempo humano interior de vida reprimida ainda hoje não está purificado da memória dos russos.
Lembro-me que o nosso agente aqui na Rússia, quando nos visitou pela primeira vez em Portugal, não quis conversar de «negócios» no restaurante do ACARTE na Gulbenkian, porque as pessoas estavam muito próximas umas das outras…
Hoje, ele mesmo está diferente. Todos os russos com menos de 50 anos, estão diferentes. Quanto mais jovens, maior a diferença. Nas novas cadeias de Hotel, os empregados já são mais simpáticos, nos cafés sucede o mesmo, e na rua sente-se que a vida mudou muito em Moscovo, há uma brisa de vento que já fala muito mais da verdadeira alma russa.



© Ana Paula Lemos






Moscovo II










Cidade circular, rodeada de bosques, com uma arquitectura marcadamente soviética, avenidas largas, algumas delas com mais de 11km, Moscovo tornou-se, em pouco mais de 10 anos, uma cidade cosmopolita, habitada por mais de 100 mil milionários, segundo a Revista Veja, para uma população de 12 milhões de pessoas, e cheia de sinais de exterior de riqueza, que surpreendem, obviamente, o viajante.
Lembro-me de Moscovo há dez anos. Outros lembrar-se-ão de Moscovo ainda capital do Império Soviético. A distância entre as memórias de uns e de outros é abissal, mas todos estamos de acordo num ponto: Moscovo é cada vez mais uma cidade do mundo, muito europeizada, sobretudo à custa das esplanadas, cafés, restaurantes de design e arquitectura moderníssima que rodeiam as ruas pedonais junto à Praça Vermelha.
A dissonância entre estabelecimentos comerciais sofisticados, como algumas lojas de gourmet na esquina da Rua Arbat e os lugares soviéticos, decadentes, pobres, vazios, onde as velhinhas cortavam o fiambre à mão, esfumou-se numa cidade arquitectonicamente mais equilibrada, onde aliás se adivinha uma classe média a crescer voluptuosamente.
A publicidade inunda as ruas e ilumina-as, como em qualquer outra cidade do mundo civilizado. Ainda há dez anos atrás parecia que Moscovo se habituava com muita dificuldade à claridade nocturna. Por isso, já é muito difícil lembrar na cidade, senão pela natureza do seu património edificado, construído, sobretudo, na era soviética, os sinais de um tempo, historicamente recente, que os russos em geral, e os moscovitas em particular, não querem nem ouvir falar.

Nota: Está muito calor em Moscovo. Aqui na cidade, os moscovitas procuram conforto nos jardins e nos bosques. Independentemente das idades despem-se o mais possível, na esperança das alças, dos decotes, das mini-saias e dos calções, os libertarem desta temperatura sufocante.

Moscovo

Estamos muito cansados. Demorámos 12 horas para chegar a Moscovo, via Londres, um percurso que se fosse directo (Lisboa – Moscovo) demoraria apenas cinco horas.

O que faz a TAP adiar sistematicamente a resolução do absurdo de Lisboa ser a única capital dos 27 sem uma ligação regular a Moscovo?
Moscovo, de noite, é uma cidade mágica. O nosso Hotel é muito perto da Praça Vermelha. Estamos no centro de Moscovo. A Catedral de S. Basílio, iluminada, parece um castelo de fadas. Neste tempo quente há muitas pessoas na rua, sobretudo jovens, que conversam em grupo e de copo de cerveja na mão.
Os moscovitas ainda não têm o hábito dos cafés, das cervejarias, ou das esplanadas. Ainda socializam muito na rua junto às estações de metro onde encontramos dezenas de latas de cerveja e outras bebidas.

©
Ana Paula Lemos

quarta-feira, agosto 13, 2008

Ainda em Lisboa...

Era suposto estarmos no ar, a caminho de Londres onde fariamos escala para Moscovo. Acontece que a tripulação da BA chegou ontem muito tarde a Lisboa e como é obrigatória uma pausa de 18 horas, o voo já não saiu às 8:25 mas apenas às 11:30.
Isto não seria nada perturbador de conseguissemos um voo de ligação a Moscovo dentro de um horário razoável de chegada à capital russa. Acontece que a BA não propunha esta razoabilidade. Conseguimos então alterar o voo para a Luftansa e acreditamos que pelas 3:00 da madrugada de 14 de Agosto chegaremos a Moscovo.
Repararem: chegámos ao aeroporto de Lisboa às 6:00 de 13 e só chegaremos ao destino às 3:00 de 14 de Agosto.
Há destinos na Europa que parecem verdadeiras ligações intercontinentais. Não se percebe...já fomos tão longe na mobilidade, no «estrangulamento» do mundo e, no entanto, ainda não conseguimos resolver minudências.
Até amanhã, na esperança de o amanhã ser um dia mais gratificante para o viajante.

terça-feira, agosto 12, 2008

Já estamos (quase) em viagem...

Voltaremos ao seu contacto logo que a tecnologia permitir. Senão em Londres onde faremos escala, em Moscovo seguramente, depois das 20:00, hora local, de dia 13 de Agosto de 2008.
Conseguimos cumprir o primeiro objectivo: fechar a mala com tudo quanto precisavamos lá dentro. Parecia improvável. Fizemos várias tentativas. Uma semana depois encontrámos a fórmula certa: em Ulaan Baator, na Mongólia, mandamos lavar a roupa que tivermos sujado até lá...
Subimos o 1 degrau na escala do ascetismo.
Somos um grupo de 13 pessoas, os que enfrentaremos com garra e determinação esta meia volta ao mundo. A média etária é de 40 anos. Uma familia de quatro elementos já aterrou em Moscovo. Os restantes 9 viajantes partem amanhã de madrugada.
Vamos cumprir o 2 programa da Rota da Memória. Se nos acompanhar perceberá porque chamamos ao Transmongoliano, uma viagem de comboio pela Rússia, Mongólia e China, a Rota da Memória.

As razões do nosso projecto

A força do nosso projecto está na originalidade do tratamento temático;
A força do nosso projecto está na agenda cultural que elegemos;
A força do nosso projecto está no facto de assentar exclusivamente na sociedade civil;
A força do nosso projecto está na determinada determinação em concretizá-lo;
A força do nosso projecto está em todos nós, os que o fazemos, naqueles que não o fazendo directamente ajudam-nos na construção dos programas e projectos e naqueles que tornam o sonho possível pelas suas contribuições e doacções.
A todos muito obrigado!!!
E aí vamos para mais um Transmongoliano...

Recebemos este belo poema...

- pelo sonho é que vamos
comovidos e mudos, chegamos?
não chegamos?
haja ou não frutos
pelo sonho é que vamos.
- basta a fé no que temos
basta a esperança no que talvez não teremos
basta que a alma demos.
- com a mesma alegria
ao que é o dia a dia
chegamos? não chegamos?
partimos...vamos, SOMOS.


Camilo Pessanha

segunda-feira, agosto 11, 2008

Moscovo - capital dos bilionários

(Moscovo - cruzamento central junto ao Kremlin)
«Em nenhum outro lugar do mundo a palavra novo-rico faz tanto sentido quanto em Moscovo. A cidade tem a maior concentração de bilionários do Planeta, segundo a revista Forbes. São 74 contra 71 em Nova Iorque. Boa parte dos 103 000 milionários da Rússia, cuja fortuna conjunta é avaliada em 670 milhões de dólares, também vive na capital...as lojas da Gucci, Dolce Gabbana e Chanel em Moscovo estão entre as três maiores em volume de vendas de suas cadeias internacionais...

Moscovo aparece pelo terceiro ano consecutivo como a cidade mais cara do mundo...».


In Revista Veja, ano 41 - nº 31 de 6 de Agosto de 2008

Alteração da hora - programação Rádio Clube

104.3



Directamente do Transmongoliano

de 13 Agosto a 1 Setembro 2008

Programa Minuto a Minuto 9:50

Programa Janela Aberta 16:25

domingo, agosto 10, 2008

faltam dois dias...

para partir...13 de Agosto, 8:25 da manhã: um grupo de 13 viajantes, associados e amigos da Europa Viva, vão realizar o 2º Transmongoliano. Já se nota o grupo ansioso...todos queremos partir em direcção a Moscovo onde iremos percorrer a maior linha férrea do mundo - Moscovo /Pequim, 8 dias, 6 fusos horários, 3 países, 7. 300 km.

Retratos nas cabines...do comboio chinês.


Talvez seja um dos rituais marcantes do viajante do transmongoliano: a chegada dos passageiros aos diferentes comboios que vão tomando ao longo da viagem, até porque, como várias vezes vos disse, as qualidade dos comboios e o carácter das tripulações difere de país para país.
O que subsiste de comum é de facto o ritual da ocupação das cabines, o que significa, arrumação das malas e dos sacos, definição da ocupação do espaço por parte dos viajantes da gabine, quem fica onde (?), no bliche superior, na cama da esquerda ou direita, (...), a limpeza das cabines, enfim, o tempo de habituação ao ascetismo com que iremos viver durante os dias que em conjunto usufruiremos de um espaço pequeno, comunitário, e aparentemente incómodo.
Só nisto demoramos as primeiras três ou mesmo quatro horas de viagem. E ainda há quem se espante como o tempo é tão veloz dentro desta cabine...
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