sábado, agosto 02, 2008


Porque fazemos o Transmongoliano?

Sempre a mesma interrogação para uma resposta ainda constante:
É verdade que a Europa Viva é uma Associação Cultural Europeia (http://www.europaviva.eu/). Também é verdade que a nossa missão visa a promoção, reflexão e divulgação da cultura europeia, dos valores da cidadania e da solidariedade social. Então porquê manter o Transmongoliano, uma viagem virada sobretudo a Oriente, como programa anual de um dos projectos mais importantes da Associação que é o Europa em Movimento?
Por duas razões:
A primeira, porque o tipo de resposta que os europeus souberem dar aos grandes desafios que as sociedades e as economias da Ásia colocam são decisivas para o nosso futuro, para o futuro da Europa, enquanto projecto politico inovador como este da construção da União Europeia;
A segunda razão prende-se com o facto de a Europa Viva trabalhar em primeira instância as temáticas relativas à memória e a memória universal do último século passa muito pela historiografia da Rússia e da China, como dois dos países que mais marcaram o pensamento e a vida da Europa.
É por isso muito importante criarmos dinâmicas culturais para que a população europeia e a portuguesa, especialmente, possam conhecer a partir de um projecto cultural integrador, o pensamento e a cultura de dois dos chamados países emergentes.
O Transmongoliano é a via mais rápida para atingirmos estes objectivos principais.

Os primeiros 4 dias da viagem

Parecem ser os piores dias: vamos estar no comboio, ininterruptamente, três noites, quatro dias - de Moscovo, kilómetro 0, a Irkustk, kilómetro 5185.
A máquina não descansa. Nunca. Até chegar a Vladivostok, kilómetro 9289 ao outro extremo da Rússia, à Sibéria Oriental, já a dois passos do Japão, a máquina nunca pára, senão de 10 a 20 minutos em cada estação. De Moscovo a Vladivostok, o Baikal, como é chamado o comboio russo, leva oito dias.
Nós, entretanto, deixaremos o comboio ao 4º dia em Irkustk. Vai ser uma festa...qualquer um de nós, nesta altura, desejará ardentemente tomar um duche, um quatro com mais conforto, privacidade, e sobretudo, distender as pernas, os braços e a cabeça...pensarão os nossos leitores.
O ano passado, porém, qual o nosso espanto, quando depois do duche tomado, depois de um dia bem passado no Baikal, onde fizemos o cruzeiro e visitámos uma aldeia tipicamente siberiana, perguntávamos uns aos outros: e o comboio?

O itinerário dos primeiros 4 dias da viagem

1 e 2 dia de viagem - de Moscovo a Iekaterinbourg - * do kilómetro 0 ao 1814


3 e 4 dias de viagem - de Iekaterinbourg a Krasnoiarsk
* do kilómetro 1814 ao 4098





O trajecto do último dos quatros dias passados ininterruptamente no comboio: de Krasnoiarsk a Irkustk - Lago Baical
*do kilómetro 4098 ao 5185





sexta-feira, agosto 01, 2008

Razões de uma parceria...

Bem vindos à Europa Viva!

Até ao próximo dia 2 de Setembro, os leitores do Público. PT vão poder acompanhar, minuto a minuto, um dos projectos culturais mais importantes da EuropaViva (http://www.europaviva.eu/ ):
- a realização do Transmongoliano, a mais longa e extensa viagem de comboio que o homem pode fazer, que levará os seus associados e alguns amigos a percorrer a Rússia, a Mongólia e a China num programa designado Rota da Memória.
Esclareçamos então a toponímia da viagem.
1. Quando falamos de Transmongoliano, falamos de uma das três linhas férreas, a maior linha férrea do mundo, que liga a Europa à Ásia e que atravessa a Rússia até à Sibéria ocidental, a Mongólia e o norte da China até à cidade de Beijing.
2. Esta grande linha férrea chama-se Rossia e divide-se em três percursos distintos:
- O Transsiberiano atravessa apenas Rússia (o maior país do mundo) de S.Peterburgo a Vladivostok. Este percurso tem a duração de oito dias e faz-se num comboio chamado Baikal.
- O Transmongoliano já sabemos, vai de Moscovo até Beijing passando pela Mongólia tem igualmente uma duração de oito dias mas faz-se em 3 comboios distintos. No comboio russo até Irkusk, capital da Sibéria Ocidental, no comboio mongol de Irkusk até Ulaan Baator, capital da Mongólia e no comboio chinês de Ulaan Baator até Beijing.
- O Transmanchuriano: repete o mesmo esquema do Transmongoliano mas o comboio chinês leva os passageiros de Ulaan Baator até à Manchúria, região norte da China.

Esta viagem é o culminar de um longo e vasto projecto empreendido durante o ano pelos associados e amigos da Europa Viva que passa por encontros, conferencias e seminários sobre a cultura dos países que vamos visitar num contexto muito específico: Que Europa no contexto actual?
Os comboios de que falámos têm uma importância vital na economia e na sociologia destes países. São importantes meios de transporte de pessoas e mercadorias, em muitos casos os únicos que ligam regiões recônditas do mundo como é o caso da Sibéria, Mongólia e o norte da China.
Por outro lado, desempenharam no tempo da guerra fria, sobretudo entre as décadas de 60 e 80 do século passado importantes meios dissuasores de politica externa entre inimigos ideológicos como a ex União Soviética e a China e entre a Mongólia e a China.


O percurso

O itinerário que vamos percorrer durante 20 dias e que vai de Lisboa a Shangai só é feito de comboio de Moscovo a Beijing. De Lisboa a Moscovo e de Beijing a Shangai iremos de avião.
O percurso de comboio demora 8 dias mas só os primeiros quatro dias é que são passados dia e noite no comboio. É justamente o troço de Moscovo a Irkustk que leva mais tempo a percorrer que qualquer dos outros itinerários. Não esqueçamos que a Rússia é o maior país do mundo.
Na Sibéria ficaremos dois dias. Queremos conhecer a vida dessa imensa minoria étnica russa que é o povo Buriate e faremos o tradicional cruzeiro pelo Baikal, a maior reserva de água doce do mundo. Depois voltamos a apanhar o comboio. Dormiremos mais duas noites no comboio, na máquina mongol, até que se aviste Ulaan Baator. Na Mongólia estaremos duas noites, três dias. O nosso propósito é percorrer os dois maiores parques naturais da Mongólia ao encontro da Mongólia profunda, dos cavalos selvagens e da vida nómada que ainda hoje caracteriza maioritariamente aquele povo.
Por fim, Beijing. Desta feita apenas um dia e uma noite de comboio para chegar à capital da China e viver ainda o último suspiro dos Jogos Olímpicos. Aqui ficaremos duas noites, três dias. O tempo suficiente para conhecer os ícones tradicionais da capital: Cidade Proibida, Muralha, Palácio de Verão, Centro de Artes, e agora a aldeia olímpica.
Shangai é uma etapa de natureza diferente. O Transmongoliano como já disse acaba em Beijing mas seria impensável não aproveitarmos a viagem, nomeadamente os preços de grupo, para conhecer Shangai.
E lá iremos…
Muito obrigado ao Público por esta oportunidade.

quinta-feira, julho 31, 2008

3 máquinas - 3 comboios - russo , mongol, chinês




O que está subjacente a uma viagem como o Transmongoliano é a possibilidade que a maior linha férrea do mundo oferece ao ser humano de poder «coabitar» com a imensa diversidade dos rostos humanos, com as diferentes culturas, comportamentos, pensamentos, sentimentos, (...).
Por outro lado, permite-nos também penetrar no mais profundo da alma humana, e conhecermos os territórios longe das ilhas urbanas de cada país.
Os comboios que os viajantes da Europa Viva apanham para percorrer esta parte do mundo são transportes normais de pessoas e mercadorias. E traduzem, de facto, a importancia diversa que esta linha férrea tem para cada deles, embora, todos os países envolvidos nesta «estrada de carris» dependam muito deste transporte.
O comboio russo, o Baikal, é um excelente comboio. Geralmente dispõe de tripulações eficientes e muito bem preparadas. Muito profissionais. É uma máquina tecnologicamente moderna.
O comboio mongol é infinitamente mais pobre. Mas a tripulação é muito mais simpática que a russa. Basta lembrar que o comboio mongól é o único que não dispõe de restaurante. A máquina é potente mas a infra-estrutura mais antiga.
O comboio chinês é igualmente pobre e sofre do pior dos defeitos: a possibilidade de enfrentarmos o conhecido over booking chinês e sem mais a tripulação impedir-nos de continuar viagem.

quarta-feira, julho 30, 2008

Preparativos - Transmongoliano - Agosto 2008

O dia 1 de Agosto é um dia importantissimo em toda a logística que suporta e antecede a realização do Transmongoliano, esta fantástica viagem que nos leva de comboio pela Rússia e Mongólia até à China.
O dia 1 de Agosto é, pois, o dia que simboliza a barreira psicológica, segundo a qual, confrontamos no terreno o trabalho de um ano e assim avaliamos, segundo uma extensa lista de tarefas préviamente definidas, o que foi feito, o que está a ser feito e o que ainda falta fazer. Passada esta fase, já resta muito pouco tempo para percorrermos metade do planisfério.
Nós portugueses saímos de Lisboa a 13 de Agosto e no dia 28 chegaremos, se Deus quiser, a uma outra ponta do mundo, que é Shangai. Entretanto, teremos ido de Lisboa a Londres de avião, em Londres apanharemos ligação para Moscovo, onde estaremos dois dias de visita à cidade, e no dia 16 de Agosto às 00 de Moscovo, o comboio parte rumo a Vladivostok, onde chegará dali a oito dias - a esta linha chama-se o Transsiberiano.
Ora, como sabem, o projecto da Europa Viva é o Transmongoliano e não o Transsiberiano. É por isso, que quatro dias depois de apanharmos o comboio, saimos em Irkutsk, na Sibéria ocidental, para cruzarmos o Baikal e conhecermos de perto aquela que foi uma das cidades mais importantes da Rússia do século XX até à revolução de Outubro. Dois dias depois, voltaremos ao comboio viveremos dois dias e duas noites até chegarmos a Ulaan Battor, capital da Mongólia. Aqui viveremos igualmente dois dias, percorrendo dois dos maiores parques naturais do mundo. No terceiro dia pela manhã apanhamos o comboio na Mongólia que nos levará a Pequim. Este percurso é apenas de uma noite. No dia seguinte às 14:20 o comboio dá entrada na estação principal de Pequim.
Bem sei que é pouco o tempo, mas em Pequim não vamos estar senão três noites, quatro dias. Ainda dará para viver a «briza» que os Jogos produzirão na cidade. Finalmente, apanhamos o avião ao quarto dia ao fim da manhã e pelas 15:00 aterraremos em Shangai onde vamos estar de 28 a 1 de Setembro.
Este projecto é realizado num intercâmbio permanente entre a Europa Viva e o agente de viagens russo que conheci há dez anos atrás quando visitei Moscovo a convite do Presidente da Câmara de Moscovo, dedicava-me eu nessa altura apenas ao jornalismo.
Como imaginam a relação não é fácil. Os interesses da nossa Associação nem sempre vão ao encontro dos interesses de um agente de viagens, muito menos russo e menos ainda quando a natureza deste projecto é definido apenas segundo interesses culturais e associativos, o que significa que estamos perante lógicas dissonantes: nós queremos o melhor projecto ao mais baixo custo, o agente russo quer ganhar o mais que poder.
Só uma relação pessoal construída paulatinamente durante uma década consegue ultrapassar os paradoxais interesses que nos animam.
Ao contrário do que aconteçe com uma agência de viagens quem escolhe o itinerário, o desenha, quer ao nível do percurso, quer das infra-estrutras hoteleiras, quer ainda, da gestão do tempo, elemento fundamental deste projecto, somos nós, Europa Viva. Não é o agente que nos impõe nem sugere. Ele apenas valida e aconselha na concretização da logística.
Estamos assim, a 3o de Julho, numa fase da viagem onde já não há (quase) nada a discutir, rever, planear ou decidir. Isto aconteçeu durante um ano.
2007 também nos ensinou muito. Agora só a burocracia das embaixadas russa e chinesa nos rouba tempo.
De resto, o que nos ocupa mentalmente é encontrar a metodologia certa para que as nossas roupas, livros e produtos de higiene caibam numa mala de viagem tipo cabine.

terça-feira, julho 29, 2008

Na Mongólia, em Agosto de 2007



No dia em que esta paisagem assolou a nossa geografia de alma andámos mais de 200 km por uma estrada (improvisada) de terra, esburacada, sentindo-nos perdidos, atravessámos um antigo campo militar soviético desactivado mas ainda ocupado por forças militares até que finalmente chegámos ao Parque Natural de Terelj onde nos iriamos encontrar, de facto, com uma paisagem muito bela, silenciosa, absolutamente virgem.

segunda-feira, julho 28, 2008

Introdução História do Transsiberiano

O Canal História deu corpo a um dos mais fantásticos documentários realizados sobre o Transsiberiano.
Trata-se, de facto, de um documento único que encontramos no Youtube dividido em 5 partes e que a Europa Viva transcreve aqui no Blog.
Tal como se pode ler no título deste post, trata-se apenas da História do Transsiberiano, isto é, a linha férrea construida entre S.Peterburgo e Vladivostok com 9.300 km, que atravessa a Rússia, o maior país do mundo.
O projecto da Europa Viva chama-se Transmongoliano porque nós percorremos três países, a Rússia até Irkustsk (metade do Transsiberiano), prosseguindo em direcção à Mongólia e finalmente à China até Pequim. .
Transmongoliano é pois a linha férrea que atravessa três países, a Rússia até ao kilómetro 4.500 e depois a Mongólia e a China, perfazendo 7.700 km.
A visualização destes cinco vídeos, de cerca de 8m cada um, é de facto obrigatória não apenas para os que embarcam no programa no próximo dia 13 de Agosto mas também para aqueles que o ano passado fizeram o I Transmongoliano Europa Viva.

História do Transsiberiano - 1º parte

http://

História do Transsiberiano - 2º parte

http://

História do Transsiberiano - 3º parte

http://

História do Transsiberiano - 4º parte

http://

História do Transsiberiano - 5º parte

http://

Uma janela para o mundo...


No transmongoliano há um cenário constante, quase obsessivo, que é este de encontrar sempre alguém a espreitar o mundo, a qualquer hora do dia ou da noite.
A janela é, assim, um dos elementos fundamentais deste trajecto de nos leva a percorrer mais de sete mil quilómetros, e atravessar 3 países, a Rússia, a Mongólia e a China, um dos quais, a Rússia, é o maior país do mundo.


domingo, julho 27, 2008

Sibéria - Agosto 2007



©Foto de Ana Claudia Gonçalves
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