sábado, abril 05, 2008
Peter Sloterdijk e Slavoj Zizek
A Relógio D'Água Editores está lentamente a editar algumas das obras mais importantes de dois dos maiores pensadores europeus da actualidade: Peter Sloterdijk e Slavoj Zizek.
Um e outro pensam a «Europa» segundo um paradigma absolutamente novo: constroem um pensamento performativo em torno da actualidade politica, social e antropológica, fazendo coabitar cinema e psicanálise mais filosofia pura no caso de Zizek e, neuro filosofia com antropologia, no caso de Peter Sloterdijk, este mais empenhado em edificar um edificio filosófico novo e alternativo ao paradigma vigente.
De um e de outro vamos citar algumas passagens que nos ajudam a pensar o Mundo e a Europa segundo novas abordagens:
Regresso à Terra - capítulo 3 do livro Palácio de Cristal, Para uma Teoria Filosófica da Globalização, Peter Sloterdijk, Antropos, Relógio d'Água
« Consequentemente, na época moderna, não é aos metafísicos, mas aos geógrafos e descobridores que cabe a tarefa de desenhar a nova imagem do mundo; a sua missão consiste em apresentar em imagem a última bola. Futuramente, para a humanidade descascada das suas protecções, de entre todos os grandes corpos redondos só o seu próprio planeta ainda significa alguma coisa. Os circum-navegadores, os catógrafos, os conquistadores, os mercadores internacionais, e inclusivé os missionários cristãos e os seus seguidores, cooperantes para o desenvolvimento, que exportam a boa vontade, e turistas, que desembolsam dinheiro em troca de experiências de teatros longínquos - todos eles se comportam como se tivessem percebido que a Terra era precisamente aquilo que, após a detruição do céu, assumira a sua função como última abóboda...»
A felicidade depois do 11 de Setembro, Bem-Vindo ao Deserto do Real, capítulo 3, pag; 83, Slavoj Zizek, Relógio D'Água
«Este frágil equilíbrio foi rompido. Pelo quê? Pelo desejo, precisamente. O desejo foi a força que obrigou as pessoas a irem mais longe, para chegarem a um sistema no qual a grande maioria é definitivamente menos feliz».
©Ana Paula Lemos
sexta-feira, abril 04, 2008
Simbolos Europeus...Abadia de Montecassino - Itália
Em 1944 a Abadia de Montecassino foi completamente destruída pelas forças nazis e heróicamente defendida pelas forças polacas a quem a Abadia prestou homenagem com o seu famoso «cemitério polaco» tal como se observa na primeira foto.
©Fotos Ana Paula Lemos
Montecassino lugar fundado por S.Bento (Padroeiro da Europa) em 529.
quinta-feira, abril 03, 2008
A propósito de Conversas Sobre o Bom Jornalismo com Ryszard Kapuscinski
Ryszard Kapuscinski (1932-2007) foi seguramente um dos maiores repórteres literários do século XX.
Um dos programas do projecto Europa em Movimento, o transmongoliano, deve uma parte do seu trajecto a um livro deste jornalista escritor, O Império, editado em Portugal pela Campo das Letras, onde o autor descreve através de vários pequenos textos a narrativa mítica da ex-União Soviética e da teia de poder que corrumpia aquele ex-Imprério e ainda uma das suas viagens de comboio pela ex-União Soviética profunda, que como naquele tempo, ainda hoje se faz atravéz do Transsiberiano.
Mas o que queremos citar de Ryszard Kapuscinski foi escrito num livro agora publicado pela Relógio de Água designado Os Cínicos Não Servem Para Este Oficio - Conversas sobre o Bom Jornalismo.
É um livro que se lê num dia (claro que esta recomendação valida apenas os que têm a sorte de ter tempo para ler) que nos ensina muito sobre o «bom jornalismo» mas obriga-nos também ou/e fundamentalmente a reflectir sobre o século XXI.
É a este propósito que vou citar Ryszard:
«A minha intenção, no entanto, é mais ambiciosa. Não pretendo limitar-me a escrever sobre pobres ou ricos, pois essa tarefa compete principalmente a uma série de organizações, desde as Igrejas às Nações Unidas. A minha principal intenção é mostrar a todos nós, Europeus - que temos uma mentalidade bastante eurocêntrica -, que a Europa ou, aliás, uma parte dela, não é a única coisa que existe no mundo. Que a Europa está rodeada por um imenso e crescente número de diferentes culturas, sociedades, religiões e civilizações. Viver num planeta que está cada vez mais interligado significa ter a noção disso e adaptarmo-nos a uma situação global radicalmente nova.
Antigamente era possível vivermos separados, sem sabermos nada uns dos outros, sem um país saber do outro. Mas no século XXI já não será possível. Por conseguinte, devemos lentamente - ou, aliás, rapidamente - adaptar o nosso imaginário, o nosso modo de pensar tradicional a essa nova situação...
O nosso imaginário foi educado para pensar em pequenas unidades: família, tribo ou sociedade. No século XIX pensava-se em termos de nação, de região, ou de continente. Contudo, não temos instrumentos, nem experiência, para pensar à escala global, para perceber o que isso significa, para nos apercebermos de que modo as outras partes do planeta nos influenciam e de que modo nós as influenciamos.
Por outras palavras, é muito difícil perceber que cada um de nós é um se humano ligado a outros seres humanos, que temos de nos imaginar como figuras dotadas de muitos fios e laços que se estendem em todas as direcções...
No meu caso, precisamente porque vivi nesses continentes, tentei fazer compreender, através dos meus artigos, que estamos a atravessar um momento de grande revolução, da qual todos fazemos parte; e, que, em primeiro lugar, temos que compreender a situação e adaptarmo-nos e ela».
Eis os alicerces do projecto Europa em Movimento.
©Ana Paula Lemos
quarta-feira, abril 02, 2008
Conferência EUROPA VIVA - Presidente da Comissão Europeia, Dr. JOSE MANUEL DURÃO BARROSO
DIA 7 de ABRIL, às 11:30, Anfiteatro III, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa - conferência do Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso,
«A Europa e os Desafios da Globalização»
terça-feira, abril 01, 2008
Conferência EUROPA VIVA - Presidente da Comissão Europeia, Dr. JOSE MANUEL DURÃO BARROSO
No próximo dia 7 de Abril, às 11:30, José Manuel Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia vem à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, ao Anfiteatro III, conferenciar sobre o tema: «A Europa e os desafios da globalização», a convite da Europa Viva e da Licenciatura de Estudos Europeus.
Foi há dez meses que começou esta aventura de ousadia. No dia 18 de Julho, às 15:41, a Presidente da Europa Viva ousou escrever um mail ao gabinete do Presidente da Comissão, explicando quem eramos, o que faziamos e o que queriamos.
Lembro-me que fiquei estupefacta: vinte minutos depois de termos enviado o mail tinhamos uma resposta cordial, empenhada, delicada da Dra. Leonor Ribeiro da Silva, membro do Gabinete de Durão Barroso.
Quero deixar aqui bem clara uma ideia que muito gostariamos pautasse as relações de cidadania em Portugal: esta senhora não conhecia a signatária de lado nenhum nem a Europa Viva de modo especial. O que de facto aconteçeu foi um atendimento habitual por parte desta organização que traduz um grande respeito por organizações representativas da sociedade civil e pelos cidadãos de um modo geral.
Assim, na qualidade de Presidente da Europa Viva, nunca me tinha sido tão fácil estabelecer um contacto com uma Organizão Politica ou mesmo empresarial e até associativa.
Quero pois em nome da Direcção agradecer publicamente este facto, para nós de uma enorme expressão de respeito pelos movimentos de cidadania, sobretudo, quando no nosso país, o hábito de práticas públicas de excelência convertem-se geralmente no instrumento da «cunha».
Obrigada por nos terem feito acreditar que valia a pena lutarmos pelos nossos objectivos, pelos nossos ideias, pela nossa missão, independentemente da nossa condição social, económica, da raça, dos credos, da orientação sexual.
Porque afinal, a nossa Associação é composta por homens e mulheres de cores diferentes, de idades diferentes, profissões muito variadas, de ideologias diferentes, de credos diferentes, de orientações sexuais diferentes, de níveis económicos e sociais variados, com carreiras profissionais também bastante dissonantes.
O que nos une é a nossa missão e os nossos estatutos (corpo juridico da nossa missão) - ver em www.europaviva.eu
E esses visam a promoção, difusão e reflexão da cultura europeia, dos valores da cidadania e da solidareidade social.
segunda-feira, março 31, 2008
Transmongoliano - Agosto 2008
A Rota da Memória - Os totalitarismos do Século XX é dos programas culturais mais importantes do Projecto Europa em Movimento (www.europaviva.eu). Escolhemos essa mítica viagem que é o Transmongoliano (viagem de comboio pela Russia - Mongólia - China) para a abordagem do tema Os Totalitarismos do Século XX pelas razões intrínsas à geografia, sociologia e história politicas.
O projecto Europa em Movimento aborda, reflecte e promove temas da cultura europeia e da geo-politica mundial.
A Rota da Memória é assim um programa de análise cultural no terreno dos totalitarismos do século XX.
As inscrições para este programa terminam a 10 de Abril e o programa está divulgado no site da Europa Viva - www.europaviva.eu
domingo, março 30, 2008
Épico Geser (Mongólia) - Mitos da Criação
A Origem da Vida e da Morte
Corriam os dias mais remotos e Tenger sentia-se muito só; nada havia à sua volta senão céu e oceano. Certa vez incomodado com breu, Tenger decidiu forjar uma lua e um sol que pudessem aclarar os céus. De seguida, criou o pato dos olhos dourados e deu-lhe ordem para que descesse do céus ao oceano e trouxesse consigo umm pouco de lama. O pato, ainda que tivesse demorado mais do que era esperado, satisfez o desejo de Tenger. O demiurgo colocou então a lama sobre a carapaça de uma tartaruga entretanto criada, dizendo-lhe também para descer aos mares, ao que esta obedeceu.
A lama espalhou-se e secou rapidamente, transformando-se de imediato em terra seca. Tenger criou então as montanhas, os lagos e os rios com a palma das suas mãos húmidas. Povoou depois a paisagem com uma míriade de plantas, pássaros e animais. Porém, como a lua e o sol brilhavam ininterruptamente , cedo os seres vivos se queixaram do calor. Tenger resolveu assim fazer alternar os serviços dos seus astros. Já sob condições clamatéricas mais amenas, nasceu o homem e Tenger engraçou de tal modo com esta criatura que lhe prometeu a eternidade. A humanidade evoluiu e espalhou-se alegremente pela terra mas, um dia, os feudos ocidental e oriental começaram a guerrear-se e, como castigo, Tenger espalhou doenças e a morte pela sua prole.
In Rosa do Mundo, 2001 Poemas Para O Futuro
Tradução de Manuel João Magalhães
pag, 18, 3º edição
Assírio & Alvim
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