sábado, agosto 23, 2008

Ultima etapa do Transmongoliano - a China

Desculpas pela ausencia de acentos e outros sinais...
Entramos na fase final da nossa viagem. Dia 24 patiremos para a China, Pequim, onde o comboio chegara as 14:30 de 25 de Agosto.
Continuaremos a fazer todos os esforcos para acompanharmos com o maior numero de posts esta travessia de comboio pela Russia, Mongolia e China mas no comboio e, em alguns pontos geograficos da Russia, foi-nos completamente impossivel satisfazer este imenso desejo. Nao sei como sera dia 24 ou mesmo dia 25, altura em que estaremos dentro do comboio chines e este e de facto o pior comboio, nao so do ponto de vista tecnico, como de conforto, por isso, tenho muitas duvidas que consiga por-vos em contacto on line com a nossa viagem.
Mas tal como desde o primeiro dia tentarei. Tentaremos, prometo!!!

Ainda na Mongolia...

Continuamos sem acentos nem sinais....pedimos desculpa!!!
A Mongolia...O que dizer mais, senao que e um pais fascinante onde o acolhimento do outro e simpatico, educado, gentil e desejado - qualidades que contrastam em absoluto com a experiencia que vivemos na Russia onde o povo em geral se mantem fechado, arrogante e pouco hospitaleiro.
Seremos seguramente nestes dias, os unicos portugueses na Mongolia, mas nao somos os unicos europeus, bem pelo contrario, os estrangeiros que gostam da Mongolia e a visitam com frequencia sao justamente os europeus, sobretudo, holandeses, alemaes, belgas e ingleses.
O abismo entre a Mongolia urbana e rural e total. A Mongolia urbana e caotica. Aqui em Ulaan Battor vivem mais de metade da populacao de todo o territorio que e de 3 milhoes de pessoas. Mas Ulaan Baator nao tem nem planeamento urbano, nem uma escola de arquitectura que a torne um lugar bem articulado ou sequer um lugar simpatico para se viver.
Claro que no confronto com outras culturas e povos, nos europeus, ficamos com a certeza que existem valencias da nossa existencia que se tornaram imprescindiveis sem algumas referencias que construiram justamente o pensamento e a cultura europeias. Assim, seria para nos insuportavel viver numa cidade com meia duzia de estradas alcatroadas, onde os espacos publicos naturais se confundem com a paisagem e onde o homem nao e o centro da actividade publica.
Aqui em Ulaan Baator o muito belo e o muito feio convivem numa azeda companhia. O muito belo sao as cordilheiras montanhosas que circundam o vale onde a cidade se estalou desde o seculo XVII, o muito feio e a arquitectura e a forma como se articula a geografia humana da cidade.
Basta sair um quilometro de Ulaan Baator e a paisagem lunar sufoca-nos de beleza. A Mongolia e um pais que vive exclusivamente da natureza e do seu patrimonio ecologico. Alias, os mongois descobriram isso ha muito pouco tempo e tentam criar, rapidamente, as estruturas necessarias para desenvolver o turismo como uma das actividades principais do seu tecido economico. Na Mongolia todo a superficie terrestre e um parque natural. So ha parques naturais para que a administracao publica os possa gerir segundo criterios de eficacia e arrumar o patrimonio ecologio segundo as especies que tipificam as zonas. Ha sete parques naturais na Mongolia, dos quais, aqui em Ulaan Baator, os outros cinco concentram-se nas zona norte e noroeste.
A constancia da paisagem lunar reside no facto de todo o pais assentar a sua formacao em montanhas calcaricas e rochosas que ao longo dos seculos, talvez ha mais de 20 milhoes de anos, formaram cordilheiras montanhosas cujas crateras se foram transformando em vales e os vales em lugares onde se fixa a populacao nomada da Mongolia.
Quem percorrer alguns quilometros para o interior do pais acompanhara o jeito de o povo ocupar a superficie terrestre do seu territorio: decorando-o com as conhecidas tendas brancas de forma redonda, forradas a la no seu interior que acompanham o povo na sua trajectoria em busca de prados mais ricos, tempertaturas mais amenas, lugares onde a vida possa recomecar sempre que se precise.
A imensidao da Mongolia torna os seus habitantes pontos minusculos de referencia a vista desarmada. So as tendas se insinuam neste vasto e maravilhoso territorio.
Ana Paula Lemos

na Mongolia - Reserva natural de Hustai

Nota: pedimos desculpa pela ausencia de acentos...
Estamos num dos 3 maiores parques naturais da Mongolia a muitos quilometros de Ulaan Baator mas paradoxalmente foi aqui que encontrei durante toda a viagem, desde Moscovo, condicoes de acessibilidade a internet optimas.
Por isso deixei o grupo ir visitar os cavalos selvagens e ca estou a actualizar o itinerario.
Todos os membros do grupo Europ Viva soa unanimes em considerar este projecto que concebemos em torno dos totalitarismos do seculo XX, utlizando o transmongoliano como meio, um projecto fascinante.
Eu mesma, que o faco pela 2 vez, acho-o cada vez mais importante do ponto de vista da nossa agenda programatica e claro de uma beleza indizivel.
Acho que todos os anos encontrarei razoes para voltar a faze-lo. A viagem de comboio, a paisagem, a aprendizagem de vida colectiva, a inter accao cultural, a convivencia com povos radicalmente diferentes de nos, a consciencia de que o respeito pelo outro obriga a muitos consensos e a muitas divergencias...
E a beleza da Mongolia? E a magia da Siberia?
Estamos no Parque Natural do Hustai. Para chegarmos ate aqui tivemos que percorrer 200 km de estrada de areia, pedra, buracos...mas claro valeu a pena. Quatro horas para aqui chegar. Quatro horas para regressar...
Um parque ecologico da maior importancia...a paisagem alterna entre vales e cordilheiras, com ilhas de animais que pastam nas encostas junto as tendas dos seus proprietarios...
Um lugar onde o silencio tem uma musica sonora intensa e onde o ceu, o mais fascinante ceu do mundo, torna a paisagem umas vezes verde outras azul, consoante a o ceu brilha ou se esconde.
Em 1959 mataram todos os cavalos desta regiao. O cavalo desta zona e unico no mundo: tem uma cabeca enorme, um corpo pequeno um rabo gigante. Em 1970 cientistas holandeses quiseram recuperar esta maravikha da natureza. Angariaram fundos e voltaram a trazer estes cavalos para a regiao. Tudo esta documentado em fotos de tal modo foi importante este momento...
Voltarei logo que possa ao parque. Neste momento provoco uma bicha enorm entre os cientistas que precisam de internet para trabalhar...
Amanha, dia 24 regressamos ao comboio, rumo a China.
Ana Paula Lemos

Mongolia...

Nota: o teclado nao permite acentos...pedimos desculpa pela dificuldade de leitura...

Mongolia, um pais de 3 milhoes de pessoas, metade das quais vive em Ulaan Baator, capital, submersa num vale, rodeada de uma cordilheira de montanhas excepcionalmente belas, uma cidade caotica, onde a maior parte das ruas nao sao alcatroadas...uma cidade onde o transito se faz sem o minimo de respeito pelo codigo da estrada que alias a maior parte dos mongois nao conhece...Ulaan Baator uma cidade onde a classe media vive em predios de 3 a 4 andares, decadentes, deixados pelo dominio russo, apartamentos infimos, lugares de habitacao onde nao existe planeamento, sem urbanismo, (...).
Mongolia um territorio onde 80% da superficie nunca sofreu accao do homem. Mongolia um pais com 7 reservas naturais, com uma populacao ainda nomada...
Mongolia o unico lugar do planeta onde a paisagem e lunar...
Um lugar que todo o cidadao do mundo devia obrigatoriamente de conhecer.
Ana Paula Lemos

quinta-feira, agosto 21, 2008

20 de Agosto, 21:00, hora local, partida para a Mongólia, cidade de Ulaan Baator.

Vamos procurar encontrar na Mongólia uma plataforma técnica pelo menos tão eficaz quanto esta aqui em Irkustk que nos tem permitido aceder à caixa de mail, e assim pedir ao José Alves, membro dos corpos associativos da Europa Viva, que nos substitua nesta arte de gestão tecnológica.
Até que se produzam conteúdos prontos a serem publicados, deixo-vos a síntese da conversa que travei com a guia local sobre a situação politica da Rússia actual.

«Orgulho-me de ter crescido e vivido na União Soviética. Nessa altura tinhamos ideais, acreditávamos numa sociedade igual e este sentimento estava muitíssimo presente nas nossas vidas. Hoje os jovens não têm ideais.
Mas por outro lado, é bom sentir que posso ir livremente para o estrangeiro e que os supermercados estão cheios de produtos prontos a serem consumidos.
Antigamente o Estado dava-nos uma casa ou vendia-nos as casas por menos de 2 000 dólares e os infantários das nossas crianças eram praticamente gratuitos. Antigamente, os alunos da Universidade que tinham bom aproveitamento ganhavam mensalmente uma bolsa que dava para viverem melhor do que os seus pais. Hoje isso não se passa assim.
Se eu gosto mais de viver neste regime ou no outro?
Pois... gosto da liberdade deste tempo, gosto de poder ir para o estrangeiro quando quero mas quanto a outros aspectos, como aqueles relacionados com os direitos sociais que conquistámos... como casa... tenho pena que não tenham continuado....».

© Ana Paula Lemos

terça-feira, agosto 19, 2008

19 de Agosto – km 5185 – Lago Baical

A primeira e mais complexa etapa do Transmongoliano está ultrapassada, isto é, resistimos com ânimo a três noites e quatro dias consecutivos dentro do Rossia, o mítico comboio que liga um lado ao outro da Rússia, o maior país do mundo.
Todos estamos de acordo: é muito mais fácil do que alguma vez imaginámos... o tempo no comboio é veloz porque é ocupado com uma rotina própria de um espaço partilhado colectivamente.
As cinco ou seis paragens que o comboio faz, algumas delas de 20 minutos cada, ajudam a quebrar a rotina. Por outro lado, entre actividades como a leitura, música, jogos de cartas e claro uma boa conversa, próprias de um espaço como o comboio, o tempo voa... E ainda há o banho matinal a bordo do Rossia, contrato extemporâneo acordado com a tripulação da nossa cabine que a troco de três euros, autoriza-nos duche diário nos seus parcos aposentos. Se formos cedo conseguimos um bom duche...
Quisémos que este dia contrariasse em absoluto os últimos quatro que vivemos. Assim, mal chegámos a Irkustk, capital da Sibéria Oriental e cidade onde estamos alojados até dia 20, data em que partiremos para a Mongólia, fomos ao Hotel, tomámos um bom pequeno almoço, um bom duche e seguimos directos para o Baical.
O Baical, que significa em russo, mar glorioso, é a maior reserva de água doce do mundo e situa-se a 60 km de Irkustsk. É um lugar «abençoado por Deus». Fruto de uma erupção vulcânica há mais de 20 milhões de anos, este lago com uma extensão de 326 km e 1580 metros de profundidade, permite-nos uma convivência indizível com a natureza. Rodeado de duas filas de montanhas sobrepostas uma à outra, ornamentadas de pinheiros e bétulas, o Baical é composto por 27 ilhas, nas quais descansam e passam férias de verão a elite siberiana.
A Sibéria Oriental é o sítio do mundo com maior número de bosques, com 60% da reserva de bosques do Planeta, e Irkustsk uma cidade que tem em abundância as mais preciosas matérias primas: gás natural, petróleo e minerais.

© Ana Paula Lemos
Mas a Sibéria é ao mesmo tempo um lugar despovoado, urbanisticamente decadente, com uma paisagem natural muito bela e com uma população muito jovem que se veste imitando a exuberância dos modelos da Vogue americana, ainda que os acessórios sejam de plástico e a maquilhagem muito má. No que à moda diz respeito, aqui na Sibéria Oriental, tudo é muito artificial e se é verdade que as raparigas russas se tornaram vítimas do mundo glamoroso do ocidente não é menos verdade que as mulheres ocidentais, ao contrário das mulheres russas perderam a feminilidade que caracterizou a mulher durante as primeiras décadas do século XX.
Mesmo a gastronomia siberiana é muito pobre e como dizia a nossa guia divide-se em dois menus principais: batata com batata e pão com pão.

© Ana Paula Lemos

Sibéria – o memorial do esquecimento

Continuo sem perceber as razões pelas quais ainda pouco (muito pouco) se disse e escreveu (relativamente a outros períodos dramáticos da história dos homens) a propósito dos «mortos» da Sibéria.
Neste percurso até à Mongólia escolhi ser acompanhada pelo livro de Colin Thubron, Na Sibéria, uma edição das Publicações Europa América.
Trata-se de um documento excepcional da chamada literatura de viagem. De facto, Colin Thubron percorreu a Sibéria de lés a lés e conhece em profundidade a história da Rússia.
As suas entrevistas a vários presos dos Gulags ou a familiares destes prisioneiros que sobreviveram a esse tempo de fome, escravatura, infâmia e maus tratos, levantam apenas a ponta deste véu imenso que é o drama humano protagonizado por Staline e de toda a sua trupe.
Alexandre III, Czar da Rússia, já em 1870 deportava para a Sibéria. Aliás a linha do Transsiberiano só conseguiu realizar-se, apesar de todas as sua vicissitudes, justamente à custa de mão de obra escrava e/ou prisioneira.
A Sibéria é um lugar à porta do mundo. Do que podemos ver desta janela é que a Sibéria ainda não entrou no mundo como muitas outras regiões da Rússia já foram capazes de fazer.
A Sibéria está velha, apodrece de pé, mas os vagões carregados de gás natural, petróleo e carvão passam por aqui e saem daqui, cruzam-se com o nosso comboio a todas as horas do dia.
Que estranho esquecimento...

© Ana Paula Lemos
Nas principais estações deste percurso altera-se a geografia humana das populações. Em Moscovo a diversidade internacional é muito superior à dos passageiros que entram para o comboio em toda a região da Sibéria quer seja a região ocidental ou oriental.
Os turistas vão saindo nas paragens que os guias do Transsiberiano aconselham. Nós, escolhemos justamente o percurso contrário ao da maioria dos estrangeiros. Não nos interessa nada perder tempo visitando as cidades que vivificam a linha férrea de Moscovo até Irkustsk. Antes de mais, porque todo este património arquitectónico e urbanístico está decadente, decrépito. Uma segunda razão prende-se com o facto de a imensidão da Sibéria, composta por floresta intensa, ser muito semelhante ao longo de todo o percurso. Por isso, não faz sentido apearmo-nos noutras paragens senão mesmo em Irkustsk para visitarmos o Baikal e assim recuperarmos os dias para os dedicar à Mongólia e à China, nomeadamente com a extensão a Xangai.
Mas ainda assim, continuam por companheiros um grupo do Taiwan, outro de franceses, e vários casais ingleses e alemães.
De resto, as três centenas de outros passageiros são russos: crianças, velhos, adolescentes, homens e mulheres...a síntese das várias etnias que compõem a Federação Russa, o maior país do mundo.


© Ana Paula Lemos

Dia 18 – Krasnoiarsk – km 4098

Estamos na recta final do percurso mais difícil da nossa viagem. Faltam apenas mil e poucos kilómetros para chegarmos a Irkoutsk, segunda cidade que visitaremos neste nosso périplo pela maior linha férrea do mundo que atravessa a Rússia, a Mongólia e a China.
Aqui em Irkutsk deixamos o Rossia, o comboio conhecido pelo Trannsiberiano, que continuará a sua viagem até Vladivostok, o extremo leste da Rússia já no mar do Japão. Daqui a dois dias, depois de visitarmos uma aldeia típica do povo Boriate e passearmos pelo Baikal, regressaremos então à estação ferroviária para apanharmos o comboio mongol que nos levará a Ulaan Battor o designado Transmongoliano.
Irkutsk é a capital da Sibéria Oriental, uma das cidades mais importantes da antiga União Soviética e da antiga Rússia czarista, para onde se refugiou uma parte da aristocracia quando Nicolau II, último Czar foi deposto pelo exército vermelho.
Mas Irkutsk também é a cidade que recebe os visitantes do Baikal, o mais profundo e o maior lago de água doce do mundo.
É esta noção de imensidão que caracteriza o percurso desta travessia pelo território russo cuja paisagem se apresenta constante durante os quase seis mil quilómetros: uma imensa floresta de pinheiros, bétoulas, dachas e pequenos lagos pantanosos.

© Ana Paula Lemos

segunda-feira, agosto 18, 2008

2º dia de comboio, terceira noite - km 3343 de 7610 – Moscovo – Pequim

Para um europeu, a passagem dos Montes Urais é sempre um momento mítico. E de facto, do ponto de vista da percepção do viajante do transmongoliano, nem um sinal exterior para nos situarmos nesse contexto geográfico. Não fosse o guia da Lonely Planet e em nenhum momento teriamos percebido que já estávamos na Ásia, segundo aprendemos na geografia e que são justamente os Urais que servem de referência física à histórica divisão dos continentes Europa e Ásia.
Asseguro-vos, no entanto, que apesar do percurso do transmongoliano passar muito próximo dos Urais, o que podemos percepcionar visualmente é apenas um ligeiro aumento da altitude, uma efectiva mudança da paisagem florestal e a certeza que a cartografia não mente. Nem a cartografia da alma, da alma europeia que chegando a este ponto deixa instalar-se a melancolia e obriga ao exercicio do contacto com o outro.
Aqui, o pôr do sol é vivido na excentricidade desta imensidão que é a Sibéria que parece nunca mais acabar apesar de a estarmos a percorrer há dois dias e três noites.


O transmongoliano é uma escola de partilha, uma reaprendizagem da gestão dos espaços público e privado, um meio excepcional através do qual conhecemos a nossa Terra.
Quanto mais fazemos o transmongoliano mais nos sentimos fascinados pelas vivências ímpares que nos proporciona, nomeadamente, este contacto privilegiado com o quotidiano de outros povos tão diferentes mas ao mesmo tempo tão iguais.
Desta vez, somos companhia de coreanos, franceses, alemães, ingleses e, claro, de russos. E o que fascina é justamente a possibilidade de lermos o mundo numa carruagem de nove cabines habitadas por quatro pessoas que podem ser de países tão distintos como a China, a Alemanha, Portugal ou Coreia.


O povo russo tem uma relação com o transsiberiano totalmente diferente de todos os outros povos. Uma relação também ela mítica, mas ao mesmo tempo muito pragmática. Em primeiro lugar porque o transsiberiano é uma linha férrea absolutamente vital para a sobrevivência dos povos da Sibéria, de uma Sibéria cada vez mais despovoada e mais desprotegida, onde também aqui, e tal como no resto o país o Estado deixou abruptamente de cuidar de um povo que até há 10 anos atrás dependia dele até para pensar.
O povo russo apanha o transsiberiano para se mobilizar no seu território na horizontal já que os rios russos movem-se de norte para sul e nunca de este para oeste ou vice-versa. Há milhares de famílias que dependem exclusivamente do transsiberiano para viver: trabalhar, estabelecer relações afectivas e familiares, para negociar, (...).
O comboio pára por dia uma média de 2 a 6 vezes. Cada uma das paragens tem de 5 a 20 minutos nas plataformas das respectivas estações. E é aqui, nestas plataformas onde vamos distender o corpo, que constatamos a importância vital deste meio de transporte para as populações desta zona do mundo.
O transsiberiano transporta em média 400 passageiros. O Rossia, como é conhecido este comboio, justamente porque é o único meio de transporte que atravessa toda a Rússia, sai uma vez por dia de Moscovo e uma vez de Vladivostok. Portanto, não há dia nenhum que não viajem nesta linha de comboio uma média de 800 pessoas.
© Ana Paula Lemos
Lamentamos não poder corresponder à vontade que tinhamos programado de actualizar o blog sempre que houvessem razões de reportagem para o fazer.
O facto de estarmos a entrar no «coração» da Sibéria não nos permite um fácil contacto através da web, ainda que estejamos a percorrê-la neste comboio centenário, objecto de grandes reformulações tecnológicas desde 1906, data da sua inauguração, mas ainda não suficientemente eficazes para ligar a Sibéria à rede global da internet.
Já experimentámos todas as hipóteses mas de facto nenhuma delas se apresenta eficaz. Por isso, gostava que soubessem que nos estamos a esforçar imenso para conseguir que todos vós nos acompanhem,passo a passo, através do «nosso» blog.
© Ana Paula Lemos
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