sábado, agosto 16, 2008

Moscovo - Catedral de S. Salvador

«Outono de 1812. Comandando o seu exército derrotado e dizimado, Napoleão sai de Moscovo, e abandona a Rússia. Sofreu uma estrondosa derrota. Os russos, triunfantes, desenvolvem uma ofensiva. Para patentear a sua gratidão à Providência por ter salvo a Rússia do aniquilamento que a ameaçava, o czar reinante, Alexandre I, decide construir em Moscovo um templo em honra daquele que salvou a Rússia, Cristo Salvador», escreve Ryszard Kapuscinski no seu livro O Império, editado em Portugal, pela Campo das Letras.
A verdade é que o templo não se construiu em vida de Alexandre I. Só em 1830, Nicolau I, retoma a ideia de construção do templo mas só muito mais tarde, com o Czar Alexandre III, a 26 de Maio de 1883 é que o templo é consagrado.
«E com razão. O Templo de Cristo Salvador ergue-se a um altura superior a 30 andares. Para a construção dos seus muros, de 3,2 metros de largura, gastaram-se 40 milhões de ladrilhos. Por dentro e por fora estão cobertos por placas de mármore de Altai e de Podole...o lugar sagrado é coroado por uma cúpula gigantesca coberta por uma placa de cobre cujo templo atinge as 170 toneladas…o sino principal pesa 24 toneladas…O interior está iluminado por velas colocadas em 3 mil candelabros…há entrada há um retábulo onde se gastaram 22 quilos de ouro…na parte inferior as datas e lugares das batalhas ganhas pelos exércitos russos, o número de mortos e feridos, o numero de condecorados…» lê-se ainda no livro de Kapuscinski.

Este templo, único no seu género e uma das obras mais importantes da arquitectura russa, durou apenas 48 anos.
Estaline mandou-o demolir em 1930 debaixo de um imenso silêncio, como se se pudesse silenciar a demolição da Catedral de Cristo Salvador. O certo é que nem um discurso, nem uma palavra, senão o anunciar no Pravda que naquele sítio iria ser construído o Palácio dos Sovietes.



© Ana Paula Lemos
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