sábado, janeiro 05, 2008

Rota do Chá - Texto de Tiago Salazar sobre a viagem O Gosto do Chá

Tiago Salazar foi o jornalista que a Europa Viva convidou em Fevereiro de 2007 para acompanhar a viagem que realizamos à India intitulada O Gosto do Chá. A Revista Máxima deste mês (capa Fevereiro) publica um texto daquele jornalista sobre uma pequena parte do itinerário O Gosto do Chá, nomeadamente o percuro entre o Sikkim e o Darjeeling.
Para quem nunca ouviu falar nesta viagem que a Europa Viva realiza anualmente à India podemos dizer o seguinte:
1. Trata-se de uma viagem absolutamente exclusiva como alías são todos as viagens realizadas pela Europa Viva em parceria com o projecto Europa em Movimento, um projecto temático, cultural, destinado a promover os valores do diálogo intercultural e civilizacional, através desse grandes instrumento de mobilidade que são as viagens;
Todos os temas são enquadrados quer em Portugal quer no país que visitamos com uma moldura de conferencias, encontros, ou debates que melhor nos ajudem a estudar as matérias que o projecto pretende trabalhar;
2. Ao escolhermos o chá como tema de um projecto cultural fazêmo-lo pela simbologia que o chá pode protagonizar: para nós, Europa Viva e projecto Europa em Movimento, o chá é metafóricamente um bem de dimensão universal, um arquétipo de paz, um polo aglutinador de união entre os povos e as culturas.
Quando visitamos a India ao abrigo deste programa percebemos muito bem o que significam estas palavras traduzidas na diversidade dos rostos culturais protagonizados pela mão de obra que por exemplo trabalha do Darjeeling;
3. O chá permitiu-nos ainda construir um irinerário onde podémos abordar duas das mais importantes expressões do sagrado daquela região: o budismo e o ismalismo.
Resulta, assim, que fomos o primeiro grupo de portugueses a «invadir» o Sikkim uma zona territorial junto ao Nepal e ao Butão, que em 1975 pediu a anexação à India para se proteger da invasão chinesa salvaguardando deste modo, o seu património cultural primordial: o budismo.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Da India Eterna...






Lembro-me da India. Por tudo e por nada lembro-me da India, da India eterna. Hoje, lembrei-me das mulheres que colhem o chá no Darjeeling. Dizem que as mulheres, nesta zona do mundo, são altamente produtivas no corte mágico da flor do chá. Não tive tempo de ouvir excelentes explicações, dizem, a este respeito. O que sei, e isso vi, graças aos deuses da India, é que naqueles ondulantes terrenos, as mulheres agacham-se tão profundamente sobre elas mesmas para cortar as folhas, que seguramente ouviriamos, se estivessemos perto, o gemido das entranhas daquele desconforto.

E há tantos mágicos desconfortos na India. Há ainda o desconforto das mulheres que todos os dias de inverno pedem aos deuses coragem para não incediarem as suas pobres mãos com o chamuscar permanente dos restos do carvão que buscam (encontram) à saída da boca do comboio a vapor no terminal da linha férrea de Darjelling.

O que leva estas mulheres a dar as mãos por pedaços tão infinitamente pequenos de carvão? Nesse dia não pude ainda perceber. Era justamente ali que morava um menino que de tão pequenino morreu submerso numa montanha de lixo.

Voltarei a lembrar-me da India.

Amanhã, claro, amanhã, de novo, lembrar-me-ei da India. Mas amanhã lembrar-me-ei da India e da Jesus, do Angelo e da Beatriz, da Antónia e da Inês, do Fernando, da Amaryllis, dos Zés, do Pedro e do Soares, da Ana e do Rui, da Paula e da Conceição, do Tiago, da Graça e do Carlos, do João, e da Celina, com a clareira de ter encontrado no meu céu, a oração de tantos deuses.

(c) Ana Paula Lemos

O Jardim Devastado e o Perfil da Esperença - João Barrento in O Estado do Mundo - Fundação Gulbenkian

"...E orientemos a objectiva para algumas zonas mais gritantemente visiveis do estado actual do mundo, também do mundo cultural, com a consciência de que não há mundo, mas mundos no mundo, de que não existe um estado, mas um devir do mundo, de que «nada foi, tudo está sendo». Ou como escreveu Montaigne: «O homem é certamente uma matéria maravilhosamente evanescente, diversa e ondulante, e é tarefa árdua querer fundar sobre ela um juizo constante e uniforme». O que não nos impede de constatar que há uma memória histórica que regressa, ciclos que se repetem com variações, problemáticas que, não sendo antropológicas, mas culturais, parecem constituir obsessões recorrentes".
In O Estado do Mundo
O Jardim Devastado e o Perfil da Esperança
João Barrento
Fundação Calouste Gulbenkian e Temas e Debates

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Europa Viva - Entidade Participante


Sobre o estado da Cultura Europeia, Peter Sloterdijk

«...é preciso prestar também atenção ao facto de o estado actual da cultura europeia poder ser interpretado, entre outras possibilidades, à luz de como se volta a utilizar a questão da Antiguidade. Desse ponto de vista a nossa relação com o precedente romano é dramática. Basta lembrar certas datas da história arquitectónica europeia: no reinado carolíngeo, a primeira coisa que a monarquia cristã fez foi tornar a repetir formas romanas de construção como a basílica e o edifício circular; o século XVI incorporou a moradia; nos séculos XVII e XVIII recuperaram-se formas elegantes: o templo, o templo circular, o salão de descanso; segue-se um uso meio absolutista meio burguês do anfiteatro para o Templo Imperial; depois a distribuição dos assentos dos novos parlamentos, sem esqueçer as mais antigas salas universitárias. Todas são formas arquitectónicas onde é possível ouvir as vozes individuais dos homens. A forma antiga que mais tardou a ser recuperada foi a arena romana, o novo estádio desportivo, o circo capaz de albergar combates. Esta ideia arquitectónico-social do espaço e da reunião só regressou na experiência do século XX, mas de forma repentina e de modo epidémico, sem dúvida porque o teatro circular romano incorpora uma sugestiva fórmula circular para as necessidades da ressuscitada cultura de massas. O estádio é portanto pura neo-antiguidade no seu mais obscuro valor limite. É o lugar do culto do fatalismo, que se tornou de novo religião de massas. O fatum, o destino, é a sentença que determina a diferença entre vencedores e vencidos. Ao mesmo tempo é a vox omnium, o rugido da multidão. Os grandes estádios não podem ser separados da sua forma arquitectónica: só a partir dessa experiencia podemos pensar em termos conclusivos sobre a nova civilização de massas...».
In O Sol e a Morte
Peter Sloterdijk
Diálogos com Hans-Jurgen Heinrichs
Relógio de Água

Expo 2010 - Xangai - A Europa Viva em Xangai

De Xangai...para a Europa Viva a maqueta do Palácio do Povo 2010




João Pedro Góis sócio fundador da Europa Viva enviou-nos de Macau, onde vive, as fotografias do futuro Palácio do Povo em Xangai, com a seguinte legenda...
Dois corpos arqueados emergem - um do solo, outro da água - em direcção ao céu, unindo-se no topo e fundindo-se num monumental edifício único de formas arrojadas, semelhante a um tubo de aço perfurado e dobrado por uma força imensa. O seu perfil sugere o caracter do alfabeto chinês que significa "pessoas".

O Edifício do Povo (nome de código: REN) é um projecto de um colectivo de arquitectos e designers dinamarquês intitulado BIG < http://www.big.dk/> (Bjarke Ingels Group). A forma peculiar deste edifício não é gratuita e comporta, na perspectiva da filosofia oriental, um simbolismo que vai para além da semelhança com o sinal caligráfico com o qual se identifica. Assim, o corpo que emerge da água é dedicado a actividades de cultura física, desportos, etc.; já o corpo emergente da terra tem como destino actividades de "enriquecimento espiritual" - centro de conferências e outras. No ponto de encontro, onde o edifício se torna um só, situa-se um hotel de 1000 quartos! 250 000m2 de área construída...


quarta-feira, janeiro 02, 2008


Homenagem a Homero Serpa

HOMERO SERPA

(morreu um grande jornalista português e um homem de cultura)





A vida é feita de paradoxos. Numa altura tão festiva, o sofrimento mais duro pode estar a abater-se sobre muitos. No último dia de 2007, o falecimento do Homero abateu o espírito de todos os meus: ele não resistira ao peso da doença que o afectava. De imediato, a notícia foi tornada pública pelo jornal A Bola, que sempre foi a sua casa. E a partir daí as mensagens de dor não pararam de chegar de todos os cantos do país, sublinhando a verticalidade, honestidade e generosidade do Homero ao longo de toda a sua vida.
Como seria de esperar, A Bola dedicou-lhe hoje as páginas centrais. Através de uma homenagem sentida e profunda, com depoimentos de homens e mulheres de várias áreas, o Homero recebeu sinceras palavras que certamente o deixariam lisonjeado. Mas ele merecia mais. Porque se preocupava profundamente com tudo o que estivesse ligado à cultura, não só na sua dimensão nacional, mas também local, com o profundo amor que sempre dedicou à sua Belém, que tanto amava. Mas também porque deu toda a sua vida ao desporto – não apenas ao futebol, mas também à natação, ao ciclismo, ao atletismo, entre outros, o que é notável num país que tem uma tendência doentia para confundir desporto com futebol.
Talvez por termos idades tão diferentes, nunca fomos íntimos. Na verdade, foi através das suas crónicas de domingo n’A Bola, que espelhavam toda a elevação do seu pensamento e a ética irrepreensível que o caracterizavam, que melhor fiquei a conhecê-lo. Mas, da minha parte, nunca me esquecerei do prazer que me dava falar com o Homero. Eram autênticas lições para a vida. Ficará para sempre comigo todo o entusiasmo com que vivia uma fase da vida por muitos considerada decadente: todo o seu tempo era dedicado à leitura e à escrita. E apesar do avançar da idade, a sua imaginação não parava de criar novos projectos, porque nunca se mostrava cansado de viver. Foi com o Homero que percebi o enorme prazer que se pode ter em escrever só por escrever, não esperando nada em retorno. E ele acabou por se tornar, sem o saber, o estímulo mais forte para que eu começasse a tentar escrever. Devo-lhe isso. Obrigado, Homero.




Sérgio Hipólito


mestrando Estudos Europeus



terça-feira, janeiro 01, 2008

Roma - Influencia da Bíblia na Cultura Ocidental







1 Programa Europa em Movimento 2008
Uma viagem a Roma sob o signo o impacto da Biblía na cultura ocidental.
O profº e padre Armindo Vaz (Universidade Católia) concebeu para a Europa Viva um programa cultural especial composto por um conjunto conferencias em Roma, Montecassino e Assis.
Veja programa em http://www.europaviva.eu/
Fotografias (C) Ana Tereso

Calendário de Actividades Europa Viva - Janeiro


Dia 10 - Grande Lição: Voluntariado, hoje - APAV, CRUZ VERMELHA, EUROPA VIVA - 18:00 - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entrada livre;

Dia 17 - Curso Europa e Religiões - Islamismo - Sheik Munir - 18:30 - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, só inscritos no curso;

Dia 20 - Curso Europa e Religiões - Islamismo - Mesquita de Lisboa - Sheik Munir - 11:30 - todos os associados da Europa Viva;

Dia 22 - Curso Europa e Religiões - Islamismo - Comunidade Ismaili - Prof Zohora Pirbhai - 18:30 - Comunidade Ismaili - só inscritos no Curso;

Dia 24 - Grande Lição - Alterações climáticas, somos responsáveis? Drª Sandra Martinho, 18:00 - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entrada livre

Dia 29 - Curso Europa e Religiões - Islamismo - Comunidade Ismaili - Professora Zohora Pirbhai - 18:30 - associados da Europa Viva

Correio Ano Novo



A todos quantos fazem da Europa Viva o que ela é, os nossos votos de um ano cheio de coisas boas, e continuação dos sucessos anteriores.


Graça e João Matos Sousa

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Bom ano de 2008


A Europa Viva deseja-lhe BOM ANO de 2008

Tonalidades







Guerra, inferno...um poema de Gonçalo M. Tavares

Guerra, inferno

Uma certa indumentária clássica: os sapatos mantêm-se
Indispensáveis mesmo depois da guerra.
Uma progressiva intimidade com o inferno não
Modifica conceitos estéticos e necessidades orgânicas:
Quais os índices do desejo em dias de bombardeamento?
Há números importantes para perceber a razão por que certas
Palavras se introduziram em todas as línguas,
Do Oriente ao Ocidente. Palavras más.


Gonçalo M. Tavares
In 1
Relógio d'Água
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