sábado, outubro 09, 2010
sexta-feira, outubro 08, 2010
Seminário Saber Europa - Mitos da Cultura Europeia
Tem inicio no próximo dia 14 às 19:00 na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa o Seminário Saber Europa, dedicado aos Mitos da Cultura Europeia, uma iniciativa da Europa Viva em parceria com o Centro de Literaturas das Universidades de Lisboa.
O ponto de encontro de recepção dos participantes é à entrada da Faculdade junto à máquina multibanco entre as 18:30 e as 18:50.
quinta-feira, outubro 07, 2010
terça-feira, outubro 05, 2010
A Europa Viva em Berlim...com Walter Benjamin
Ler romances
«Nem todos os livros se lêem do mesmo modo. Os romances, por exemplo, existem para serem devorados. Lê-los é uma volúpia da assimilação. Não se trata de empatia. O leitor não se coloca no lugar do herói, mas assimila o que lhe acontece. O relato vivo disso é a forma de apresentação apetitosa que traz à mesa um prato suculento. É certo que também há alimentos crus da experiência - tal como há alimentos crus para o estomâgo -, concretamente: as experiências que nos passam pela própria pele. Mas a arte do romance como a arte da cozinha, só começa para lá dos alimentos crus. E quantas substâncias suculentas não existem que são intragáveis em estado cru! E quantas experiências que são aconselhaveis em estado de leitura, mas não de vivência! (...).
Em suma: se existe uma musa do romance - a décima -, o sem emblema é a fada da cozinha. Tira o mundo do seu estado cru, para lhe preparar pratos comestiveis e extrair dele o seu gosto. Se tiver de ser por ler-se o jornal à refeição. Mas nunca um romance. São tarefas necessárias, mas que entram em conflito.»
Benjamin, Walter in Imagens de Pensamento
segunda-feira, outubro 04, 2010
domingo, outubro 03, 2010
A Europa Viva em Berlim...com Walter Benjamin
A Coluna da Vitória
«Destacava-se na grande praça como as datas a vermelho nos calendários de bloco. Deveria ter sido arrancada com o último dia de Sedan. *Quando eu era pequeno ninguém imagina um ano sem o dia de Sedan. Depois da Batalha de Sedan, tudo o que restou foram paradas. Assim, quando, em mil novecentos e dois, Ohm Kruger desfilou de carro pela Tauentzienstrasse, eu estava com a minha governanta na fila de espectadores, para admirar um senhor que, de chapéu alto na cabeça, se recostava no banco e tinha "conduzido uma guerra". Era o que se dizia. A mim a coisa pareceu-me grandiosa, mas pouco limpa; como se o homem tivesse "conduzido" um rinoceronte ou um dromedário e ganho com isso a sua fama. Aliás, que coisa poderia ter acontecido depois de Sedan? Com a derrota dos franceses, parecia que a história universal tinha descido ao seu glorioso túmulo, sobre o qual esta coluna era agora a estrela (...).
Tinham-me explicado de onde vinham os adornos da Coluna da Vitória. Mas eu não tinha entendido bem o que acontecera com aqueles canos de canhão: se os franceses tinham ido para a guerracom canhões de ouro, ou se o ouro que lhes tinhamos roubado nos tinha servido para fundirmos esses canhões. A base da coluna era envolvida por um deambulatório que permitia dar a volta completa. Eu nunca entrei nesse espaço, cheio de uma luz mortiça, reflectida pelo dourado dos frescos. Tinha medo de encontrar aí quadros que em lembrassem as imagens que um dia encontrei num livro com que daparei no salão da velha tia. Era uma edição de luxo do Inferno de Dante (...).
Por isso, esse deambulatório era o inferno, a antitise do circulo da graça que envolvia a resplandecente Vitória lá no alto. Em certos dias havia pessoas lá em cima, (...).
As pessoas lá em cima, naquela luz, eram criaturas de uma arbitrariedade feliz como essa, envoltas num eterno domingo. Ou seria um eterno dia de Sedan?»
* No dia de Sedan (2 de Setembro) comemora-se a vitória sobre as tropas de Napoleão III em 1870 na Batalha de Sedan que pôr fim às guerras franco-prussinas. A Coluna da Vitória foi inaugurada em Berlim em 2 de Setembro de 1873.
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