sexta-feira, janeiro 27, 2006
Junta Freguesia Penha de França
O comitê executivo da Junta de Freguesia da Penha de França convocou a Europa Viva para uma reunião na proxima segunda-feira, dia 30 de Janeiro pelas 21h30, de modo a que a Associação possa ser apresentada aos elementos que formam o executivo da Junta. A Europa Viva far-se-à representar pela Presidente, pela Lena Martins, responsável pelo projecto Europa Sénior e pelos Presidente da Assembleia Geral e Conselho Fiscal, se for essa a sua vontade.
Reunião Parlamento Europeu
No proximo dia 1 de Fevereiro a Europa Viva vai ter uma reunião com o Director do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal. Em representação da Europa Viva irá a Presidente da Assembleia Geral, a Presidente da Direcção e o Presidente do Conselho Fiscal.
Estaremos, assim, todos representados, num momento tão especial da vida associativa.
Estaremos, assim, todos representados, num momento tão especial da vida associativa.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
quarta-feira, janeiro 25, 2006
Cultura Europeia
List of participants
Joy BRYER Director, European Union Youth Orchestra
Jérôme CLEMENT Director, TV channel « ARTE »Bernard FOCCROULLE Director, "La Monnaie"
José GIL Philosopher
Barbara HENDRIKS Opera singerNele HERTLING Director of the Artists in Berlin Programme of the DAAD (GermanAcademic Exchange Programme).
Ove JOANSON European Cultural ParliamentIlona KISH Secretary-General of the European Forum for the Arts and Heritage.Dorota ILCZUK Professor of Humanities and Cultural Management, WriterYorgos LOUKOS Director, Festival of AthensAmin MAALOUF WriterCharles MELA Professor of Medieval Literature, University of Geneva; Director,Bodmer FoundationRobert PALMER Palmer-Rae AssociatesDusan SIDJANSKI Professor of Political ScienceJean TARDIF WriterVicente TODOLI Director of the Tate ModernTzvetan TODOROV WriterGottfried WAGNER Director of the European Cultural Foundation
Durão destaca papel da cultura na integração europeia2006/01/12 16:44 E lembrou que «a Europa não é só um mercado, mas a afirmação dos nossos valores culturais» José Manuel Durão Barroso apelou hoje em Bruxelas a várias personalidades domundo cultural, entre as quais o filósofo português José Gil, que ajudem apromover e a reforçar o papel da Cultura no processo de integração europeia. Segundo o presidente da Comissão Europeia, que se encontrou hoje com 18personalidades europeias ligadas à Cultura, «a Europa pode fazer muito pelacultura e sobretudo a cultura fez e continua a fazer muito pela Europa». «A Europa não é só um mercado, mas a afirmação dos nossos valores culturais. Acultura é ela própria o fundamento do nosso projecto europeu», realçou DurãoBarroso no encontro. A reunião informal ficou marcada pelo debate de estratégias para reforçar opapel da cultura na integração europeia e na prevenção de conflitos e paraidentificar formas de promover a identidade europeia e o diálogo entre váriasculturas. «A Europa é algo de único na Humanidade porque se trata de um espaço de umalivre união. Há uma livre associação de valores: liberdade, tolerância erespeito humano», referiu ainda o presidente do executivo, reiterando uma dasideias que tem destacado desde que assumiu funções. O comissário europeu Ján Figel, responsável pela Educação, Formação, Cultura eMultilinguismo, apresentou ainda aos participantes do encontro a proposta deBruxelas para proclamar 2008 o «Ano europeu do diálogo intercultural». Entre as individualidades culturais presentes na reunião de hoje encontravam-se, além de José Gil, a cantora de ópera Barbara Hendricks e osescritores Amin Maalouf, Dorota Ilczuk e Tzvetan Todorov. A Comissão Europeia espera promover mais debates informais deste tipo comoutras personalidades do mundo da Cultura de modo a desenvolver um debatepermanente sobre a importância da cultura no sucesso de integração dos 25.
Joy BRYER Director, European Union Youth Orchestra
Jérôme CLEMENT Director, TV channel « ARTE »Bernard FOCCROULLE Director, "La Monnaie"
José GIL Philosopher
Barbara HENDRIKS Opera singerNele HERTLING Director of the Artists in Berlin Programme of the DAAD (GermanAcademic Exchange Programme).
Ove JOANSON European Cultural ParliamentIlona KISH Secretary-General of the European Forum for the Arts and Heritage.Dorota ILCZUK Professor of Humanities and Cultural Management, WriterYorgos LOUKOS Director, Festival of AthensAmin MAALOUF WriterCharles MELA Professor of Medieval Literature, University of Geneva; Director,Bodmer FoundationRobert PALMER Palmer-Rae AssociatesDusan SIDJANSKI Professor of Political ScienceJean TARDIF WriterVicente TODOLI Director of the Tate ModernTzvetan TODOROV WriterGottfried WAGNER Director of the European Cultural Foundation
Durão destaca papel da cultura na integração europeia2006/01/12 16:44 E lembrou que «a Europa não é só um mercado, mas a afirmação dos nossos valores culturais» José Manuel Durão Barroso apelou hoje em Bruxelas a várias personalidades domundo cultural, entre as quais o filósofo português José Gil, que ajudem apromover e a reforçar o papel da Cultura no processo de integração europeia. Segundo o presidente da Comissão Europeia, que se encontrou hoje com 18personalidades europeias ligadas à Cultura, «a Europa pode fazer muito pelacultura e sobretudo a cultura fez e continua a fazer muito pela Europa». «A Europa não é só um mercado, mas a afirmação dos nossos valores culturais. Acultura é ela própria o fundamento do nosso projecto europeu», realçou DurãoBarroso no encontro. A reunião informal ficou marcada pelo debate de estratégias para reforçar opapel da cultura na integração europeia e na prevenção de conflitos e paraidentificar formas de promover a identidade europeia e o diálogo entre váriasculturas. «A Europa é algo de único na Humanidade porque se trata de um espaço de umalivre união. Há uma livre associação de valores: liberdade, tolerância erespeito humano», referiu ainda o presidente do executivo, reiterando uma dasideias que tem destacado desde que assumiu funções. O comissário europeu Ján Figel, responsável pela Educação, Formação, Cultura eMultilinguismo, apresentou ainda aos participantes do encontro a proposta deBruxelas para proclamar 2008 o «Ano europeu do diálogo intercultural». Entre as individualidades culturais presentes na reunião de hoje encontravam-se, além de José Gil, a cantora de ópera Barbara Hendricks e osescritores Amin Maalouf, Dorota Ilczuk e Tzvetan Todorov. A Comissão Europeia espera promover mais debates informais deste tipo comoutras personalidades do mundo da Cultura de modo a desenvolver um debatepermanente sobre a importância da cultura no sucesso de integração dos 25.
terça-feira, janeiro 24, 2006
Blog viagem Ana karenina
http//:viagemeuropaviva.blogspot.com
Este é o endereço do blog da nossa Viagem à Rússia. Este endereço deve ser dado a todas as pessoas com quem contactámos para a promoção e divulgação da viagem.
É nesta plataforma de comunicação que os interessados na viagem encontrarão todas as noticias importantes relativas ao Comboio de Ana Karenina.
Brevemente encontraremos uma solução informática complementar a esta para divulgar, promover, e vender a viagem.
Este é o endereço do blog da nossa Viagem à Rússia. Este endereço deve ser dado a todas as pessoas com quem contactámos para a promoção e divulgação da viagem.
É nesta plataforma de comunicação que os interessados na viagem encontrarão todas as noticias importantes relativas ao Comboio de Ana Karenina.
Brevemente encontraremos uma solução informática complementar a esta para divulgar, promover, e vender a viagem.
Preçário Ana Karenina
Preços:
Grupo de 45 - 1 468 €
Grupo de 40 - 1 495 €
Grupo de 35 - 1 516 €
Grupo de 30 - 1 550 €
Os preços incluem:
Viagem
Lisboa- Madrid- Moscovo e Moscovo-Madrid-Lisboa (Ibéria)
e
Comboio Ana Karenina (Moscovo - Sto Peterburg e Sto Peterburg - incluindo ticket trem nocturno)
Nota: as cabines no comboio Ana Karenina são de 4 pessoas
suplemento cabine dupla: 60 €
Alojamento
Hotel Pribaltiskaya (Sto Peterburg) e Hotel Mezdunarodnaya (Moscovo)
(preço por pessoa em quarto duplo)
Pensão completa em Sto Peterburg
Meia pensão em Moscovo (6 almoços e 3 jantares)
Suplemento quarto individual: 410 €
Entradas em todos os museus do programa
Todos os transferes com guia
O preço não inclui
Visto russo (obrigatório)
Taxas de aeroporto
Grupo de 45 - 1 468 €
Grupo de 40 - 1 495 €
Grupo de 35 - 1 516 €
Grupo de 30 - 1 550 €
Os preços incluem:
Viagem
Lisboa- Madrid- Moscovo e Moscovo-Madrid-Lisboa (Ibéria)
e
Comboio Ana Karenina (Moscovo - Sto Peterburg e Sto Peterburg - incluindo ticket trem nocturno)
Nota: as cabines no comboio Ana Karenina são de 4 pessoas
suplemento cabine dupla: 60 €
Alojamento
Hotel Pribaltiskaya (Sto Peterburg) e Hotel Mezdunarodnaya (Moscovo)
(preço por pessoa em quarto duplo)
Pensão completa em Sto Peterburg
Meia pensão em Moscovo (6 almoços e 3 jantares)
Suplemento quarto individual: 410 €
Entradas em todos os museus do programa
Todos os transferes com guia
O preço não inclui
Visto russo (obrigatório)
Taxas de aeroporto
segunda-feira, janeiro 23, 2006
Comboio Ana Karenina - Viagem à Russia
O programa da nossa viagem à Rússia está concluído. Partiremos de Lisboa na segunda quinze de Maio. O dia da partida e da chegada será indicado brevemente.
Solicito aos membros da Europa Viva que divulguem junto dos seus amigos e conhecidos a nossa viagem.
É minha convicção (segundo indicações do José Alves) que brevemente teremos o link karenina.europaviva.org a cumprir a sua missão de venda. Mas como o tempo não pára, gostava que cada um de nós, contribuisse para a divulgação do Comboio de Ana karenina.
Hotel em Moscovo http//mezdunarodnaya.bookin.ru/en
Hotel em Sto Peterburg - Pribaltiskaya
1º dia Moscovo
Chegada a Moscovo. Alojamento. Hotel Mezdunarodnaya
2º dia Moscovo
Estadia em regime de alojamento e meia-pensão.
Passeio pela cidade: Praça Vermelha, onde se encontra a famosa catedral de São Basílio com as suas preciosas cúpulas bizantinas, Universidade “Lomonosov”, um dos mais representativos arranha-céus construídos na época de Stáline, visita ao convento Novodevichi e Catedral de São Salvador. Excursões ao metro de Moscovo (conhecido pelas suas estações bonitas e sumptuosas)
Almoço (restaurante no centro da cidade)
Tarde-Visita à Feira do Artesanato russo Izmailovo.
3º dia Moscovo
Estadia em regime de alojamento e meia-pensão.
Manhã: visita ao Kremlin (incluindo ao Museu “Joias dos Czares russos”.
Almoco.
16:00 Partida para Sao Petersburgo (comboio do dia)
Chegada às 21:30 Alojamento no Hotel Pribaltiskaya
4º dia Sao Petersburgo
Estadia em regime de pensao completa.
Manhã: Visita panorâmica à cidade. Visita à Catedral S. Isaak.
Almoco.
Tarde: Fortaleza de S. Pedro e S. Paulo.
Passeio pelos rios e canais da cidade.
Jantar e alojamento.
5º dia Sao Petersburgo.
Estadia em regime de pensao completa.
Visita ao Palácio de Catarina II – 20 km da cidade.
Almoco.
Tarde: visita ao Mosteiro Alexandre Nevsky. Visita panorâmica à cidade.
Jantar e alojamento no Hotel.
6º dia Sao Petersburgo
Estadia em regime de pensao completa.
Manhã: visita ao Museu Ermitage.
Almoco.
Tarde – visita à Catedral do Sangre Derramado construída no local onde foi assasinado o czar russo Alexandre II. A Catedral do Sangue Derramado é a única Catedral na Rússia onde o interior está decorado com paineis de mosaico.
Jantar no Hotel.
Noite
22:00 Partida para Moscovo da estação ferroviária Moskovsky.
Trem “Expresso de Nicolas” 23:30.
7º dia Moscovo
Chegada a Moscovo. Hotel.
Visita à Galeria de Arte Contemporânea.
Almoço
Tarde livre.
8º dia Moscovo
Pequeno almoço.
Partida para o Aeroporto em hora a indicar localmente.
Solicito aos membros da Europa Viva que divulguem junto dos seus amigos e conhecidos a nossa viagem.
É minha convicção (segundo indicações do José Alves) que brevemente teremos o link karenina.europaviva.org a cumprir a sua missão de venda. Mas como o tempo não pára, gostava que cada um de nós, contribuisse para a divulgação do Comboio de Ana karenina.
Hotel em Moscovo http//mezdunarodnaya.bookin.ru/en
Hotel em Sto Peterburg - Pribaltiskaya
1º dia Moscovo
Chegada a Moscovo. Alojamento. Hotel Mezdunarodnaya
2º dia Moscovo
Estadia em regime de alojamento e meia-pensão.
Passeio pela cidade: Praça Vermelha, onde se encontra a famosa catedral de São Basílio com as suas preciosas cúpulas bizantinas, Universidade “Lomonosov”, um dos mais representativos arranha-céus construídos na época de Stáline, visita ao convento Novodevichi e Catedral de São Salvador. Excursões ao metro de Moscovo (conhecido pelas suas estações bonitas e sumptuosas)
Almoço (restaurante no centro da cidade)
Tarde-Visita à Feira do Artesanato russo Izmailovo.
3º dia Moscovo
Estadia em regime de alojamento e meia-pensão.
Manhã: visita ao Kremlin (incluindo ao Museu “Joias dos Czares russos”.
Almoco.
16:00 Partida para Sao Petersburgo (comboio do dia)
Chegada às 21:30 Alojamento no Hotel Pribaltiskaya
4º dia Sao Petersburgo
Estadia em regime de pensao completa.
Manhã: Visita panorâmica à cidade. Visita à Catedral S. Isaak.
Almoco.
Tarde: Fortaleza de S. Pedro e S. Paulo.
Passeio pelos rios e canais da cidade.
Jantar e alojamento.
5º dia Sao Petersburgo.
Estadia em regime de pensao completa.
Visita ao Palácio de Catarina II – 20 km da cidade.
Almoco.
Tarde: visita ao Mosteiro Alexandre Nevsky. Visita panorâmica à cidade.
Jantar e alojamento no Hotel.
6º dia Sao Petersburgo
Estadia em regime de pensao completa.
Manhã: visita ao Museu Ermitage.
Almoco.
Tarde – visita à Catedral do Sangre Derramado construída no local onde foi assasinado o czar russo Alexandre II. A Catedral do Sangue Derramado é a única Catedral na Rússia onde o interior está decorado com paineis de mosaico.
Jantar no Hotel.
Noite
22:00 Partida para Moscovo da estação ferroviária Moskovsky.
Trem “Expresso de Nicolas” 23:30.
7º dia Moscovo
Chegada a Moscovo. Hotel.
Visita à Galeria de Arte Contemporânea.
Almoço
Tarde livre.
8º dia Moscovo
Pequeno almoço.
Partida para o Aeroporto em hora a indicar localmente.
domingo, janeiro 22, 2006
Comunicação Profº Jose Pedro Serra - lançamento Europa Viva
ASSOCIAÇÃO “EUROPA VIVA”
Exmo Senhor Representante da Comissão Europeia em Portugal,
Dr. Manuel Romano
Exma Senhora Dr.ª Ana Paula Magalhães Lemos
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Invocado não raras vezes em vão, obscurecido por um uso precipitado e desviado que só uma antiga e rica tradição pode suportar, ainda assim talvez nunca como agora o termo “cultura” se tenha revelado tão apropriado, tão adequado à nossa Europa, sobretudo se mantivermos presente a vibração e o fulgor que a sua etimologia arrasta. Adequado, não porque, como em outras épocas da nossa história, seja ele o esplendoroso reflexo da coragem com que respondemos ao renovado canto da Esfinge, da cuidadosa atenção que dispensamos à palavra, da convicção com que afirmamos a largueza do gesto e da obra, enfim, da profunda exigência do nosso amor pelas cousas nobres, sem o qual definha e fracassa o nosso destino. Adequado, sim, porque em conturbados tempos, em tempos de crise e por isso de dúvidas e de nevoeiros mas também de análises e distinções, é ainda a “cultura” que, rasgando um caminho, estabelecendo uma orientação, pode fazer florir as angústias e fertilizar as esperanças. Ora, retomando o clássico paralelismo entre a cultura dos campos – a agricultura – e a cultura do espírito, a ideia de “cultura” remete para a ideia do habitar, do habitar uma terra à qual generosamente se dedicam os cuidados amorosos que a transformam numa terra ubérrima. Este arrancamento do sentido etimológico revela um traço original da “cultura”, do modo como ela se constituiu, e ilumina a nossa condição e a natureza da nossa demanda. Revela a intencionalidade original da “cultura” ao indicar que, não sendo ela redutível a qualquer erudição, a qualquer habilidade mental, inconsequente jogo de aparências, é antes a expressão de um profundo desejo de metamorfose, de uma transfiguração que nos torne mais completos e autênticos. Ao fazê-lo, ao suscitar tal mudança, tal transfiguração, a “cultura” põe a descoberto uma dor primeira, uma original mutilação ontológica, de onde nasce o sopro que a anima. Crescendo nós como a árvore que cresce olhando os céus, a arquitectura da nossa alma desenha-se a partir de um desejo de unidade e plenitude, de uma saudade, saudade do que pela sentida ausência se torna presente e nos move. Esta sede de Absoluto, cumprida ou em espera parcialmente saciada, incumprida ou tragicamente em exílio afirmada, modela gloriosamente, no sofrimento e na alegria, a nossa condição e desenha o amplo horizonte do nosso pensar, do nosso sentir, do nosso agir. Na Grécia, onde começámos a ser quem somos, a este “trabalho da cultura”, que era entendido como educação, como formação, chamava-se paideia e de um modo ou de outro a ela se vincula a mais luminosa pedagogia.
Mas a cultura tem uma geografia e uma história. No começo, começo promissor de que jamais nos separámos, nessa aurora cor de açafrão, para embalar aqui versos de Homero, está a palavra heróica, está o destino de Aquiles, que, na aguçada consciência de uma morte próxima, vai por gestos esculpindo a honra e a fama, antes que o manto de Hades o derrube. A este herói outros sucederam e à apertada cidade sucedeu uma alargada polis, privilegiado lugar da política, lugar de encontro e de comunhão; e à lança e ao dardo sucedeu o poder da palavra, a eloquência, e à violência cruel da batalha guerreira sucedeu, civilizada sublimação, o debate político na assembleia. E a palavra tornou-se filo-sofia, indomável espanto, inquieta mão estendida à sabedoria. E no regaço do tempo, Verdade por muitos ainda anunciada, o Verbo fez-se carne, morreu e ressuscitou. E destes caminhos outros partiram, como faróis recortando a costa, e entre eles se cruzaram e o antigo rumor que os habita, mais ou menos perceptivelmente de acordo com a limpidez dos ouvidos que o escutam, percorre hoje as artérias de Lisboa como de Helsínquia, de Atenas como de Praga, primordial seiva do espírito de que somos herdeiros.
Depois do século XX, sabemos, e pagámos bem caro este saber, que não basta o trato e a convivência com as grandes tradições e os grandes textos para nos tornarmos melhores; sabemos como as cidades, de humanos lugares de encontro e comunhão, se podem tornar nas ferozes selvas de solidão e alheamento ou até nessas desventradas ruínas, como mostram as fotografias de Dresden e Varsóvia depois da guerra. A barbárie, confessemo-lo, não é apenas uma ameaça recente; do tratamento dado ao cadáver de Heitor, puxado pelos cavalos de Aquiles, a cabeça outrora bela batendo nas pedras da planície de Tróia, à brutalidade cega do 11 de Setembro e dos recentes ataques terroristas, a barbárie ora se insinua como uma serpente no fulgor do gesto, ora se abate com a violência brutal de uma crueldade impenitente. Tal facto, porém, não provoca a falência da cultura, não pode provocar a falência da cultura, nem pode ser pretexto para qualquer desistência; obriga-nos apenas a uma redobrada vigília. Sabemos e não esquecemos que por entre os versos de Vergílio e de Dante, ao lado de Shakespeare e de Racine, de Santo Agostinho ou de Kant, de Thomas Mann ou de Joyce, de Pessoa, a nossa europeia história carrega o fardo de pesadas sombras: fanatismo e intolerância, tirania e escravidão, arrogante ignorância, desfiguradora manipulação, acabrunhante banalidade. Sabemos, todavia, também, e não esquecemos, que desta mesma história se ergue dominante a voz de uma ideia de homem, de um homem que não está disposto a que o privem da sua memória milenar, que não consente lhe amordacem a sua ânsia de infinito e o seu desejo de imortalidade, que não permite o mutilem e o diminuam, fazendo-o menos do que é, que atraiçoem a autenticidade da sua interrogação, enfim, que não aliena a sua superior vocação de comungar com o outro, em gesto e em palavra livres, a aventura do que vai descobrindo e vivendo.
Tudo isto, porém, é apenas flactus uocis, sopro da voz, se, como um Sol que levamos connosco, não iluminar e aquecer os nossos dias. A Europa que vamos hoje construindo e perante a qual todos somos aprendizes, precisa desta memória e desta ideia. Sem elas, ainda que se adivinhe e entreveja riqueza e prosperidade, a alargada Europa cairá exangue e desalmada. A associação, cujo nascimento estamos hoje a celebrar, inspira-se na tradição cultural europeia e dela pretende ser guardiã e mensageira. Não é inútil salientar a importância e o alcance do projecto. A identidade da Europa funda-se no génio dos seus mais ilustres representantes e no generoso e talentoso labor daqueles que, mantendo-os presentes, evitam que as cinzas dos séculos os sepultem e o rumor das suas vozes se extinga sob o espesso manto da indiferença, dos caprichos da moda, de grosseiras satisfações, de paupérrimos imediatismos. Só por vós e por outros como vós se pode falar de uma “Europa viva”.
Permitam-me que a terminar os saúde com versos de Píndaro:
Efémeros. Que somos nós? Que não somos?
Sonho de uma sombra é o homem.
Sê-lo-á, na efemeridade do seu hálito, na grandeza da nunca alcançada distância do seu longo olhar. Nesta efemeridade, porém, na expressão do espírito ou na realização da obra algo nos aproxima dos deuses. Hoje, na nossa aventura colectiva, a terra da nossa cultura chama-se Europa. Por isso, por procurarem manter, renovadamente, este fogo aceso, o meu, julgo que o nosso, muito obrigado.
José Pedro Serra
Exmo Senhor Representante da Comissão Europeia em Portugal,
Dr. Manuel Romano
Exma Senhora Dr.ª Ana Paula Magalhães Lemos
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Invocado não raras vezes em vão, obscurecido por um uso precipitado e desviado que só uma antiga e rica tradição pode suportar, ainda assim talvez nunca como agora o termo “cultura” se tenha revelado tão apropriado, tão adequado à nossa Europa, sobretudo se mantivermos presente a vibração e o fulgor que a sua etimologia arrasta. Adequado, não porque, como em outras épocas da nossa história, seja ele o esplendoroso reflexo da coragem com que respondemos ao renovado canto da Esfinge, da cuidadosa atenção que dispensamos à palavra, da convicção com que afirmamos a largueza do gesto e da obra, enfim, da profunda exigência do nosso amor pelas cousas nobres, sem o qual definha e fracassa o nosso destino. Adequado, sim, porque em conturbados tempos, em tempos de crise e por isso de dúvidas e de nevoeiros mas também de análises e distinções, é ainda a “cultura” que, rasgando um caminho, estabelecendo uma orientação, pode fazer florir as angústias e fertilizar as esperanças. Ora, retomando o clássico paralelismo entre a cultura dos campos – a agricultura – e a cultura do espírito, a ideia de “cultura” remete para a ideia do habitar, do habitar uma terra à qual generosamente se dedicam os cuidados amorosos que a transformam numa terra ubérrima. Este arrancamento do sentido etimológico revela um traço original da “cultura”, do modo como ela se constituiu, e ilumina a nossa condição e a natureza da nossa demanda. Revela a intencionalidade original da “cultura” ao indicar que, não sendo ela redutível a qualquer erudição, a qualquer habilidade mental, inconsequente jogo de aparências, é antes a expressão de um profundo desejo de metamorfose, de uma transfiguração que nos torne mais completos e autênticos. Ao fazê-lo, ao suscitar tal mudança, tal transfiguração, a “cultura” põe a descoberto uma dor primeira, uma original mutilação ontológica, de onde nasce o sopro que a anima. Crescendo nós como a árvore que cresce olhando os céus, a arquitectura da nossa alma desenha-se a partir de um desejo de unidade e plenitude, de uma saudade, saudade do que pela sentida ausência se torna presente e nos move. Esta sede de Absoluto, cumprida ou em espera parcialmente saciada, incumprida ou tragicamente em exílio afirmada, modela gloriosamente, no sofrimento e na alegria, a nossa condição e desenha o amplo horizonte do nosso pensar, do nosso sentir, do nosso agir. Na Grécia, onde começámos a ser quem somos, a este “trabalho da cultura”, que era entendido como educação, como formação, chamava-se paideia e de um modo ou de outro a ela se vincula a mais luminosa pedagogia.
Mas a cultura tem uma geografia e uma história. No começo, começo promissor de que jamais nos separámos, nessa aurora cor de açafrão, para embalar aqui versos de Homero, está a palavra heróica, está o destino de Aquiles, que, na aguçada consciência de uma morte próxima, vai por gestos esculpindo a honra e a fama, antes que o manto de Hades o derrube. A este herói outros sucederam e à apertada cidade sucedeu uma alargada polis, privilegiado lugar da política, lugar de encontro e de comunhão; e à lança e ao dardo sucedeu o poder da palavra, a eloquência, e à violência cruel da batalha guerreira sucedeu, civilizada sublimação, o debate político na assembleia. E a palavra tornou-se filo-sofia, indomável espanto, inquieta mão estendida à sabedoria. E no regaço do tempo, Verdade por muitos ainda anunciada, o Verbo fez-se carne, morreu e ressuscitou. E destes caminhos outros partiram, como faróis recortando a costa, e entre eles se cruzaram e o antigo rumor que os habita, mais ou menos perceptivelmente de acordo com a limpidez dos ouvidos que o escutam, percorre hoje as artérias de Lisboa como de Helsínquia, de Atenas como de Praga, primordial seiva do espírito de que somos herdeiros.
Depois do século XX, sabemos, e pagámos bem caro este saber, que não basta o trato e a convivência com as grandes tradições e os grandes textos para nos tornarmos melhores; sabemos como as cidades, de humanos lugares de encontro e comunhão, se podem tornar nas ferozes selvas de solidão e alheamento ou até nessas desventradas ruínas, como mostram as fotografias de Dresden e Varsóvia depois da guerra. A barbárie, confessemo-lo, não é apenas uma ameaça recente; do tratamento dado ao cadáver de Heitor, puxado pelos cavalos de Aquiles, a cabeça outrora bela batendo nas pedras da planície de Tróia, à brutalidade cega do 11 de Setembro e dos recentes ataques terroristas, a barbárie ora se insinua como uma serpente no fulgor do gesto, ora se abate com a violência brutal de uma crueldade impenitente. Tal facto, porém, não provoca a falência da cultura, não pode provocar a falência da cultura, nem pode ser pretexto para qualquer desistência; obriga-nos apenas a uma redobrada vigília. Sabemos e não esquecemos que por entre os versos de Vergílio e de Dante, ao lado de Shakespeare e de Racine, de Santo Agostinho ou de Kant, de Thomas Mann ou de Joyce, de Pessoa, a nossa europeia história carrega o fardo de pesadas sombras: fanatismo e intolerância, tirania e escravidão, arrogante ignorância, desfiguradora manipulação, acabrunhante banalidade. Sabemos, todavia, também, e não esquecemos, que desta mesma história se ergue dominante a voz de uma ideia de homem, de um homem que não está disposto a que o privem da sua memória milenar, que não consente lhe amordacem a sua ânsia de infinito e o seu desejo de imortalidade, que não permite o mutilem e o diminuam, fazendo-o menos do que é, que atraiçoem a autenticidade da sua interrogação, enfim, que não aliena a sua superior vocação de comungar com o outro, em gesto e em palavra livres, a aventura do que vai descobrindo e vivendo.
Tudo isto, porém, é apenas flactus uocis, sopro da voz, se, como um Sol que levamos connosco, não iluminar e aquecer os nossos dias. A Europa que vamos hoje construindo e perante a qual todos somos aprendizes, precisa desta memória e desta ideia. Sem elas, ainda que se adivinhe e entreveja riqueza e prosperidade, a alargada Europa cairá exangue e desalmada. A associação, cujo nascimento estamos hoje a celebrar, inspira-se na tradição cultural europeia e dela pretende ser guardiã e mensageira. Não é inútil salientar a importância e o alcance do projecto. A identidade da Europa funda-se no génio dos seus mais ilustres representantes e no generoso e talentoso labor daqueles que, mantendo-os presentes, evitam que as cinzas dos séculos os sepultem e o rumor das suas vozes se extinga sob o espesso manto da indiferença, dos caprichos da moda, de grosseiras satisfações, de paupérrimos imediatismos. Só por vós e por outros como vós se pode falar de uma “Europa viva”.
Permitam-me que a terminar os saúde com versos de Píndaro:
Efémeros. Que somos nós? Que não somos?
Sonho de uma sombra é o homem.
Sê-lo-á, na efemeridade do seu hálito, na grandeza da nunca alcançada distância do seu longo olhar. Nesta efemeridade, porém, na expressão do espírito ou na realização da obra algo nos aproxima dos deuses. Hoje, na nossa aventura colectiva, a terra da nossa cultura chama-se Europa. Por isso, por procurarem manter, renovadamente, este fogo aceso, o meu, julgo que o nosso, muito obrigado.
José Pedro Serra
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