A cabine 3 é ocupada pela Ana Cláudia, Aida e pela Sandra. Não estou segura, porque não tenho acompanhado os talentos criativos de todos os viajantes do transmongoliano, mas ouso afirmar que até ao momento nenhuma foi tão longe na criatividade e na capacidade de enfrentar as limitações inerentes a um espaço em perpétuo movimento onde tudo falta com excepção justamente de uma «geografia de alma»
Neste momento, são 23:10 no comboio, 15:10 em Lisboa, a cabine 3 prepara-se para o seu jantar.
A garrafa de champanhe com que vão acompanhar o caviar que comprámos num fantástico «mercado» em Irkutsk, está lá fora, presa ao comboio, aproveitando o vento cortante da Sibéria – hoje esteve um dia muito frio, chuvoso, embora o sol tivesse despertando quando era suposto estar a dormir…
Mas não contentes com este pequeno requinte, acompanham a mesa impecavelmente posta, pepinos de calda fresca, tomates cereja, pão Baviera, e ainda flutes de champanhe plásticos, verdadeiros hinos ao requinte e á poesia da «literatura de viagens».