terça-feira, agosto 19, 2008

19 de Agosto – km 5185 – Lago Baical

A primeira e mais complexa etapa do Transmongoliano está ultrapassada, isto é, resistimos com ânimo a três noites e quatro dias consecutivos dentro do Rossia, o mítico comboio que liga um lado ao outro da Rússia, o maior país do mundo.
Todos estamos de acordo: é muito mais fácil do que alguma vez imaginámos... o tempo no comboio é veloz porque é ocupado com uma rotina própria de um espaço partilhado colectivamente.
As cinco ou seis paragens que o comboio faz, algumas delas de 20 minutos cada, ajudam a quebrar a rotina. Por outro lado, entre actividades como a leitura, música, jogos de cartas e claro uma boa conversa, próprias de um espaço como o comboio, o tempo voa... E ainda há o banho matinal a bordo do Rossia, contrato extemporâneo acordado com a tripulação da nossa cabine que a troco de três euros, autoriza-nos duche diário nos seus parcos aposentos. Se formos cedo conseguimos um bom duche...
Quisémos que este dia contrariasse em absoluto os últimos quatro que vivemos. Assim, mal chegámos a Irkustk, capital da Sibéria Oriental e cidade onde estamos alojados até dia 20, data em que partiremos para a Mongólia, fomos ao Hotel, tomámos um bom pequeno almoço, um bom duche e seguimos directos para o Baical.
O Baical, que significa em russo, mar glorioso, é a maior reserva de água doce do mundo e situa-se a 60 km de Irkustsk. É um lugar «abençoado por Deus». Fruto de uma erupção vulcânica há mais de 20 milhões de anos, este lago com uma extensão de 326 km e 1580 metros de profundidade, permite-nos uma convivência indizível com a natureza. Rodeado de duas filas de montanhas sobrepostas uma à outra, ornamentadas de pinheiros e bétulas, o Baical é composto por 27 ilhas, nas quais descansam e passam férias de verão a elite siberiana.
A Sibéria Oriental é o sítio do mundo com maior número de bosques, com 60% da reserva de bosques do Planeta, e Irkustsk uma cidade que tem em abundância as mais preciosas matérias primas: gás natural, petróleo e minerais.

© Ana Paula Lemos
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