As descrições implicam que a linguagem opere várias relações, uma das quais, se prende com o facto de encontrarmos dentro de nós a verbalização racional do que vemos, cheiramos, ouvimos e sentimos.
Nas descrições, os sentidos formatam mas a razão elabora e dá sentido. Aqui na Mongólia é preciso um tempo para que possamos descrever o que vamos observando, cheirando e sentindo.
Não existe no mundo outra paisagem que se assemelhe a esta. Como dizem os cientistas, esta é a paisagem do planeta mais próxima da Lua.
Por outro lado, a paisagem de tão bela anula a acção do homem. Tenho algumas dúvidas que na Mongólia algum arquitecto consiga receitas compatíveis entre natureza e desenvolvimento.
O país alterna a sua paisagem entre a exuberância das cordilheiras montanhosas, intensamente verdes e os vales, onde os cavalos e as ovelhas encontram matéria prima para a sobrevivência.
O país é tão despovoado no deserto do Gobi como é nas mais florescentes cidades ou em espaços onde a água abunda e cobre de colorido toda a paisagem através de milhares de espécies vegetais, animais e florestais naturais onde o homem nunca interviu nem avaliou científicamente.
As montahas rochosas na Mongólia apresentam os mesmos desenhos que os nossos primeiros antepassados poderam observar.
Os yourtes também atravessaram os tempos desde Kan, quando a Mongólia registou para sempre na história, o facto de ter sido a maior nação do Planeta: da China à Hungria, unida pela mão de Gengis Kan.
Os yourtes são tendas redondas, forradas a lã, onde vive a grande maioria do povo mongol na travessia do seu nomadismo.
São as tendas e os cavalos que decoram a paisagem em todo o território, mesmo no Gobi.
Cada tenda é um aglomerado. Podemos ter que percorrer muitos quilómetros para encontrar uma tenda ou um cavalo. Hoje, cada yourte tem à porta um carro ou mesmo uma antena parabólica, embora nada disto altere o modo de vida do povo.
É sempre muito longe do nosso olhar que conseguimos identificar o homem ou os seus vestígios neste país que se gosta de dizer em patrimónios naturais e ecológicos, únicos no Planeta.
© Ana Paula Lemos