quarta-feira, maio 07, 2008

Cultura Clássica

O Canto do Aedo
(I. 325-355)

«No meio cantava o ilustre aedo, e eles, em silêncio,
escutavam sentados. Cantava o regresso funesto
dos Aqueus, que, de Tróia, lhes outorgara Pala Atena.
Do andar de cima, ouviu o canto inspirado
A filha de Ícaro, a sensata Penélope.
Desceu pela alta escadaria do seu palácio,
Porém não sozinha: seguiam-na duas aias suas.
Quando a mais divina das mulheres se acercou
dos pretendentes, deteve-se junto ao pilar do tecto bem construído,
com os véus brilhantes sobre as faces.
De cada lado assistia-se a uma aia delicada.
Então dirigiu-se, com lágrimas ao divino aedo:
“Fémio, muitos são os feitos de homens e deuses
que sabes, para deleite dos mortais, e que celebram os aedos.
Canta-lhes aqui um desses! E eles que bebam
em silêncio. Mas cessa esse canto doloroso,
que sempre me dilacera o coração no peito,
já que sobre mim desceu uma dor sem tréguas:
Tais as saudades que tenho do homem que sempre me lembra,
e cuja glória é vasta na Hélade e no meio da Argólida».

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Trad.: Maria Helena da Rocha Pereira

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