O dia 1 de Agosto é um dia importantissimo em toda a logística que suporta e antecede a realização do Transmongoliano, esta fantástica viagem que nos leva de comboio pela Rússia e Mongólia até à China.
O dia 1 de Agosto é, pois, o dia que simboliza a barreira psicológica, segundo a qual, confrontamos no terreno o trabalho de um ano e assim avaliamos, segundo uma extensa lista de tarefas préviamente definidas, o que foi feito, o que está a ser feito e o que ainda falta fazer. Passada esta fase, já resta muito pouco tempo para percorrermos metade do planisfério.
Nós portugueses saímos de Lisboa a 13 de Agosto e no dia 28 chegaremos, se Deus quiser, a uma outra ponta do mundo, que é Shangai. Entretanto, teremos ido de Lisboa a Londres de avião, em Londres apanharemos ligação para Moscovo, onde estaremos dois dias de visita à cidade, e no dia 16 de Agosto às 00 de Moscovo, o comboio parte rumo a Vladivostok, onde chegará dali a oito dias - a esta linha chama-se o Transsiberiano.
Ora, como sabem, o projecto da Europa Viva é o Transmongoliano e não o Transsiberiano. É por isso, que quatro dias depois de apanharmos o comboio, saimos em Irkutsk, na Sibéria ocidental, para cruzarmos o Baikal e conhecermos de perto aquela que foi uma das cidades mais importantes da Rússia do século XX até à revolução de Outubro. Dois dias depois, voltaremos ao comboio viveremos dois dias e duas noites até chegarmos a Ulaan Battor, capital da Mongólia. Aqui viveremos igualmente dois dias, percorrendo dois dos maiores parques naturais do mundo. No terceiro dia pela manhã apanhamos o comboio na Mongólia que nos levará a Pequim. Este percurso é apenas de uma noite. No dia seguinte às 14:20 o comboio dá entrada na estação principal de Pequim.
Bem sei que é pouco o tempo, mas em Pequim não vamos estar senão três noites, quatro dias. Ainda dará para viver a «briza» que os Jogos produzirão na cidade. Finalmente, apanhamos o avião ao quarto dia ao fim da manhã e pelas 15:00 aterraremos em Shangai onde vamos estar de 28 a 1 de Setembro.
Este projecto é realizado num intercâmbio permanente entre a Europa Viva e o agente de viagens russo que conheci há dez anos atrás quando visitei Moscovo a convite do Presidente da Câmara de Moscovo, dedicava-me eu nessa altura apenas ao jornalismo.
Como imaginam a relação não é fácil. Os interesses da nossa Associação nem sempre vão ao encontro dos interesses de um agente de viagens, muito menos russo e menos ainda quando a natureza deste projecto é definido apenas segundo interesses culturais e associativos, o que significa que estamos perante lógicas dissonantes: nós queremos o melhor projecto ao mais baixo custo, o agente russo quer ganhar o mais que poder.
Só uma relação pessoal construída paulatinamente durante uma década consegue ultrapassar os paradoxais interesses que nos animam.
Ao contrário do que aconteçe com uma agência de viagens quem escolhe o itinerário, o desenha, quer ao nível do percurso, quer das infra-estrutras hoteleiras, quer ainda, da gestão do tempo, elemento fundamental deste projecto, somos nós, Europa Viva. Não é o agente que nos impõe nem sugere. Ele apenas valida e aconselha na concretização da logística.
Estamos assim, a 3o de Julho, numa fase da viagem onde já não há (quase) nada a discutir, rever, planear ou decidir. Isto aconteçeu durante um ano.
2007 também nos ensinou muito. Agora só a burocracia das embaixadas russa e chinesa nos rouba tempo.
De resto, o que nos ocupa mentalmente é encontrar a metodologia certa para que as nossas roupas, livros e produtos de higiene caibam numa mala de viagem tipo cabine.