Parecem ser os piores dias: vamos estar no comboio, ininterruptamente, três noites, quatro dias - de Moscovo, kilómetro 0, a Irkustk, kilómetro 5185.
A máquina não descansa. Nunca. Até chegar a Vladivostok, kilómetro 9289 ao outro extremo da Rússia, à Sibéria Oriental, já a dois passos do Japão, a máquina nunca pára, senão de 10 a 20 minutos em cada estação. De Moscovo a Vladivostok, o Baikal, como é chamado o comboio russo, leva oito dias.
Nós, entretanto, deixaremos o comboio ao 4º dia em Irkustk. Vai ser uma festa...qualquer um de nós, nesta altura, desejará ardentemente tomar um duche, um quatro com mais conforto, privacidade, e sobretudo, distender as pernas, os braços e a cabeça...pensarão os nossos leitores.
O ano passado, porém, qual o nosso espanto, quando depois do duche tomado, depois de um dia bem passado no Baikal, onde fizemos o cruzeiro e visitámos uma aldeia tipicamente siberiana, perguntávamos uns aos outros: e o comboio?