Corriam os dias mais remotos e Tenger sentia-se muito só; nada havia à sua volta senão céu e oceano. Certa vez incomodado com breu, Tenger decidiu forjar uma lua e um sol que pudessem aclarar os céus. De seguida, criou o pato dos olhos dourados e deu-lhe ordem para que descesse do céus ao oceano e trouxesse consigo umm pouco de lama. O pato, ainda que tivesse demorado mais do que era esperado, satisfez o desejo de Tenger. O demiurgo colocou então a lama sobre a carapaça de uma tartaruga entretanto criada, dizendo-lhe também para descer aos mares, ao que esta obedeceu.
A lama espalhou-se e secou rapidamente, transformando-se de imediato em terra seca. Tenger criou então as montanhas, os lagos e os rios com a palma das suas mãos húmidas. Povoou depois a paisagem com uma míriade de plantas, pássaros e animais. Porém, como a lua e o sol brilhavam ininterruptamente , cedo os seres vivos se queixaram do calor. Tenger resolveu assim fazer alternar os serviços dos seus astros. Já sob condições clamatéricas mais amenas, nasceu o homem e Tenger engraçou de tal modo com esta criatura que lhe prometeu a eternidade. A humanidade evoluiu e espalhou-se alegremente pela terra mas, um dia, os feudos ocidental e oriental começaram a guerrear-se e, como castigo, Tenger espalhou doenças e a morte pela sua prole.
In Rosa do Mundo, 2001 Poemas Para O Futuro
Tradução de Manuel João Magalhães
pag, 18, 3º edição
Assírio & Alvim