Lembro-me do guia a pedir (insistentemente) que tratassemos Pequim por Beijing. Beijing significa capital grande. Como não tratar então Pequim por Beijing? Compreendo a luta do guia, imagino as razões que terão chegado a todas as agencias de turismo para que se aproveitasse esta façanha global e de uma vez por todas substituissemos no léxico internacional Pequim por Beijing. Subjacente a esta verbalização está de facto uma intenção: que o mundo olhe para Pequim como lugar metafórico da antiga China e para Beijing como a referencia absolutamente imprescindivel da contemporaneidade.
Beijing é hoje um lugar onde o mundo se encontra. O mundo de todas as cores, religiões e linguas. Basta passeramos na Cidade Proibida para ver e ouvir a diversidade do humano. Sabemos, porém, que nem todos os homens se sentem bem em Beijing. É justamente este paradoxo que nos inquieta, incomoda e perturba. Quando chegámos à Praça Tienamen, a maior praça pública do mundo, o lugar estava dominado por um conjunto de instalações reportadas aos Jogos e numa delas, feita de flores, podia ler-se One World One Dream.
A primeira pergunta é que mundo e que sonho? Estive o mais atenta possivel à realidade num contexto que era de festa, onde todos brincavam à festa, e o clima era de grande exuberância e talvez por isso não tivesse tido a serenidade temporal exigida para perceber como liam os chineses esta frase: One World One Dream..
Para o ano, se Deus quiser, terei mais tempo interior para perceber como vive o povo chinês esta frase e eu mesma estarei menos agitada por tanta luz, cor, som e magia.
Porque os Jogos na China foram isso mesmo, uma imensa festa cheia de luz, som, cor e magia e onde todos os chineses puderam ler One World One Dream.