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O Rossia é o comboio mais importante da Federação Russa. Primeiro, porque é o único meio de transporte que liga na horizontal e por terra as duas extremidades da Russia, de S.Peterburgo a Vladivostok, perfazendo mais de 9 000 kilometros. Em segundo lugar é o comboio que atravessa a maior linha férrea do mundo. Na Russia, o Rossia, tem uma importancia social, económica e politica incumensurável.
Em torno do Rossia há um século que poetas, novelistas, romancistas, fotógrafos, jornalistas, cineastas constroem uma narrativa que alimenta um imaginário pleno de fantasias e mistérios. O Rossia atravessa toda a Sibéria, a Sibéria Ocidental e Oriental, e demora quatro dias a percorrê-la sem nunca parar, a não ser uma média de 4 a 5 vezes por dia, durante 10 a 12 minutos, nos apeadeiros principais para recolha de passageiros e mercadorias.
Ora a Sibéria é inóspita. A Sibéria é imensa, de uma imensidão assustadora, constante, despovoada e fantasmagórica. Kilómetros e kilómetros de bétolas e pinheiros invadem de dia e de noite a nossa janela.
É por isso que os criadores fixam a Sibéria como uma narrativa povoada de histórias. Talvez seja um dos poucos lugares do mundo onde o real e o imaginário têm uma cumplicidade total. Na imensidão das florestas siberianas o real confunde-se com o imaginário e o imaginário credibiliza o real, se assim não é, a Sibéria é um lugar insuportávelmente inumano.
É o Rossia que permite contar histórias tão belas acerca da Sibéria.