Chegámos a Siracusa ao fim da tarde de 9 de Junho. De Siracusa pouco ou nada vos posso dizer, senão recomendar-vos que nos leiam nos próximos dias.Por aqui vamos estar até 13 o que nos possibilitara outras conversas sobre uma cidade que a esta hora ( 0:17) aparentemente já não tem vida.
A Sicília é uma ilha de paradoxos e contrastes. Ora, temos acesso a paisagens intensas, como aquelas que percorrem os caminhos que nos trazem de Agrigento a Siracusa, ou as que nos levam de Agrigento a Segesta, lugares que visitámos pelos importantes exemplares de cultura helenistica que se encontram nesta região, como templos, anfiteatros e um modelo muito bem conservado e desenhado de cidade grega; ora a paisagem se torna intensamente repugnante, porque consegue a proeza de envolver um dos maiores conjuntos de templos gregos ainda como é o Parque Arquológico de Agrigento, por uma conjunto habitacional muito identico a Santo António dos Cavaliros, ou às encostas super povoadas da Damaia.
Para a maioria de nós, a possibilidade de podermos ter apreciado em Agrigento, o complexo dos três templos mais conhecidos da história dórica ainda revisitáveis, foi o momento mais importante do dia e da noite já que podemos vê-los intensamente iluminados na vastidão deste território desprotegido do poder central e pouco procurado pelo mercado «jovem» do turismo cultural.
Comove-nos pensar como tem sido possível manter estas peças do nosso património cultural ainda acordadas da noite escura do tempo eterno...e comove-nos muito mais conviver com elas exctamente no sitio onde os gregos as ergueram ao Deus convictos que a inteligência humana traduz-se nesse rasgar permanente do mistério da vida e só esse nos tem possibilitado a escrita das várias histórias dos épicos.
José Pedro Serra fez já duas das três intervenções previstas sobre a tragégia, preparando-nos assim, para a primeira peça da Oresteia que vamos assistir no próximo dia 12 de Junho, aqui no Teatro de Siracusa, momento central da nossa viagem.
Espero amanhã poder-vos falar com mais tempo sobre esta fantástica viagem que estamos a viver sob os designios da tragégia.