segunda-feira, abril 14, 2008

O tempo da imagem do mundo


«Estes novos empresários das nações-piloto da expansão europeia já não estão radicados numa terra mãe; já não se embalam nas suas vozes e aromas; já não obedecem aos seus pontos de refência históricos e aos seus polos de atracção. Esqueceram-se do que eram as suas fontes encantadas, do que significavam as igrejas de peregrinação e os lugares de poder e das maldições que residiam nos becos sombrios. Para eles, a poética do espaço natal já não é determinante. Já não vivem para sempre no espaço em que nasceram (...). Doravante o seu lugar é o mapa, em cujos pontos e linhas passam a estar localizados em absoluto. Ele é o papel pintado rico em informações, o mappamundo, que lhes diz onde se encontram. O mapa da Terra absorve as terras, a imagem da bola terrestre faz com que, para o pensamento que figura o espaço, gradualmente se desvaneçam as extensões reais.»


Peter Sloterdijk, Palácio de Cristal, pp 36, Relógio D'Água


©Foto Helena Botelho 2008

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