sexta-feira, julho 20, 2007

O que se diz do Transmongoliano...



Corredores transcontinentais
Um dos corredores históricos míticos é a linha do Transiberiano de Moscovo a Vladivostok, onde se tem verificado um incremento do tráfico de mercadorias nos últimos anos. Os Nórdicos utilizam este corredor nas suas trocas comerciais com o Extremo Oriente.

O NEW – The Northern East-West Freight Corridor –, corredor transcontinental, é um projecto ambicioso patrocinado pela União Internacional dos Caminhos-de-Ferro - UIC. Prevê a transferência das mercadorias transportadas por via marítima, entre a América do Norte, a Europa e o Extremo Oriente, para o meio de transporte ferroviário. A ligação da América do Norte para a Europa é inevitável que seja por via marítima. Depois, na Escandinávia, far-se-á a transferência para comboio com destino ao Extremo Oriente. Para além da Rússia, pressupõe também a travessia do Cazaquistão e da China até chegar aos portos do Mar Amarelo. A sua articulação com o Transiberiano deverá ser possível, o que, a concretizar-se, contornará a China a Norte passando pela Mongólia.

Para que se tenha uma ideia, a maioria das linhas que permitirão esta ligação já existem. As dificuldades prendem-se com os aspectos técnicos de adaptação das linhas, já referidos anteriormente. No entanto, só quando, dentro de alguns anos, todas estas articulações técnicas forem executadas é que será possível que as composições ferroviárias circulem ininterruptamente entre a Escandinávia e o Mar Amarelo. Para além dos entraves técnicos há igualmente questões políticas a ultrapassar. O traçado prevê a ligação de Vladivostok à Coreia do Norte, seguindo daí até aos portos da Coreia do Sul, o que permitirá depois a ligação ao Japão. Uma das questões políticas a ultrapassar prende-se com a ligação ferroviária entre as duas Coreias.

O transporte marítimo entre a América do Norte e o Extremo Oriente demora hoje cerca de mês e meio. No caso da ferrovia, presentemente já se fazem ligações, através do Transiberiano, entre a Finlândia e o Extremo Oriente em cerca de treze dias. Quando o NEW se concretizar, se houver nele uma aposta por parte dos grandes operadores, poderá constituir uma revolução no transporte internacional de mercadorias, ao permitir a ligação entre os grandes blocos comerciais a nível mundial: a América do Norte, a Europa Ocidental e o Extremo Oriente.

Um outro projecto que se articulará com este será o TRACECA – Transport Corridor Europe Caucasus Asia –, projecto que conta com apoios comunitários e que aposta numa combinação entre ligações ferroviárias e marítimas. Ligará a Europa Ocidental até ao Mar Negro, depois ao Mar Cáspio (através do Cáucaso) e à Ásia Central, ligando-se finalmente ao NEW. Encontrará dificuldades políticas quer na travessia do Cáucaso, quer na travessia da Ásia Central. Pretende funcionar como mais um eixo de escoamento de mercadorias, prevendo-se que permita a circulação de milhares de contentores mensalmente entre estas regiões.
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