Ele há tiros que saem pela culatra. Tudo começou quando a americaníssima revista Foreign Policy (FP) e a inglesíssima Prospect elegeram os 100 intelectuais “públicos” de topo do mundo. Economistas, escritores, filósofos, laureados com o Nobel, líderes religiosos, professores universitários, entre outras personalidades “cujas ideias influenciam os demais”, das mais diferentes partes do mundo, constavam do ranking. Mas, de seguida, as duas publicações resolveram pedir ao público que votasse nos 20 que maiores honras de destaque mereceriam. Ao longo de quatro semanas e mais de meio milhão de votos depois, os 20 mais foram divulgados e os 10 primeiros são todos... Islamitas. O resultado, inesperado não só para os editores das duas revistas, provocou uma onda de comentários na imprensa, mas é passeando na Internet que se chega aos mais recônditos contornos de um ranking que está a dar muito que falar.Em primeiro lugar, todos sabemos o quão subjectivo pode ser um ranking. Contudo, uns são, efectivamente, muito mais subjectivos que outros. E existem critérios mínimos a ter em conta quando se decide nomear um país, uma personalidade, uma cidade, uma escola ou seja lá o que for para que conste, para a posteridade, que x ficou em y lugar no ranking z. Esta é a primeira crítica que se faz aos responsáveis da Foreign Policy e da Prospect que elegeram, eles próprios, aqueles que deveriam constar no top 100 dos intelectuais mundiais. Os critérios exigiam que “os candidatos deviam estar vivos, ter voz activa na vida pública e que já tivessem demonstrado distinção na sua área particular de actividade bem como a capacidade de influenciar um debate alargado, para além das fronteiras dos seus próprios países”. A lista dos 100 eleitos incluía nomes tão díspares como o linguista e activista Noam Chomsky (que em 2005, a última vez que este ranking foi produzido, foi o primeiro classificado), o pai da microfinança e Nobel da paz, Muhammad Yunus, o Papa Bento XVI, o escritor Salman Rushdie ou o economista Jeffrey Sachs. Nestes poucos exemplos, torna-se evidente a diversidade dos eleitos, tanto ao nível das suas áreas de influência, como dos países que os viram nascer...
Helena Oliveira