1. O antes
Os que não nos puderam acompanhar a esta actividade do I Curso Europa e Religiões, inserida no módulo «experiência religiosa», pediram que lhes escrevesse uma «crónica».
Uma crónica supõe, pressupõe, um olhar de leitura intencionalmente subjectiva. Como todos sabeis, sou católica, apostólica, romana e durante seis anos preparei-me para entrar num Carmelo. Aliás foi justamente a minha experiência enquanto candidata a freira de clausura que me levou ao jornalismo, nomeadamente, quando, depois de ter tido a certeza que jamais teria condições de abraçar esta vocação, indignada com Deus, resolvi escrever uma reportagem sobre a vida vivida num Carmelo, e apresentá-la à Revista Máxima, a única Revista que em 1992 seria capaz de interpretar e receber uma reportagem deste género, dada a natureza da liderança que Madalena Fragoso e Maria Antónia Palla (Chefe de Redacção) imprimiam ao projecto e que consistia em fazer da Máxima um projecto de referência cultural e editorial.
Foi com esta Reportagem que me tornei jornalista e assim ocupei o meu projecto existencial durante dezassete anos, até à data que decidi fundar a Europa Viva.
Como podem compreender este texto não podia ser senão uma «crónica», isto é, o pulsar subjectivo de uma experiência humana e religiosa.
Tal com estava determinado chegámos ao Carmelo de S. José em Fátima eram 15:30. A irmã Marta recebeu-nos com a agitação e a alegria próprias de uma irmã rodeira, isto é, da pessoa que faz a passagem do mundo «cá de fora» para o «mundo lá de dentro». Uma irmã rodeira é ao mesmo tempo, porteira, recepcionista e telefonista que vive e absorve a agitação típica do mundo «cá de fora».
Como lhe compete, depois da recepção amável e simpática que nos ofereceu, informou a Madre, por telefone interno, da nossa presença e encaminhou-nos para o Locutório, isto é, para uma sala, dividida por uma grade, através da qual, uma carmelita descalça comunica com o mundo.
- Tínhamos começado a aventura da dissonância entre nós e um mundo, completamente outro, habitado por 19 mulheres.
Sentámo-nos nas cadeiras que circundam a sala junto à parede, do lado de cá da grade e esperámos alguns minutos pela Madre Prioresa do Convento, referência máxima de autoridade e decisão num Convento de Clausura.
Quando a porta do lado das grades se abriu o espanto invadiu a nossa natural ansiedade.
A Madre, Irmã Cristina vive há 19 anos no Carmelo S. José em Fátima mas a sua atitude despretensiosa, humana, simples e profundamente actual relativamente às coisas do mundo, não nos indicava uma mulher de 43 anos de idade vivendo há 19 anos em clausura. Na «outra» sua vida, a irmã Cristina foi psicóloga, e segundo nos contou desenvolvia um trabalho com toxicodependentes.
Os que não nos puderam acompanhar a esta actividade do I Curso Europa e Religiões, inserida no módulo «experiência religiosa», pediram que lhes escrevesse uma «crónica».
Uma crónica supõe, pressupõe, um olhar de leitura intencionalmente subjectiva. Como todos sabeis, sou católica, apostólica, romana e durante seis anos preparei-me para entrar num Carmelo. Aliás foi justamente a minha experiência enquanto candidata a freira de clausura que me levou ao jornalismo, nomeadamente, quando, depois de ter tido a certeza que jamais teria condições de abraçar esta vocação, indignada com Deus, resolvi escrever uma reportagem sobre a vida vivida num Carmelo, e apresentá-la à Revista Máxima, a única Revista que em 1992 seria capaz de interpretar e receber uma reportagem deste género, dada a natureza da liderança que Madalena Fragoso e Maria Antónia Palla (Chefe de Redacção) imprimiam ao projecto e que consistia em fazer da Máxima um projecto de referência cultural e editorial.
Foi com esta Reportagem que me tornei jornalista e assim ocupei o meu projecto existencial durante dezassete anos, até à data que decidi fundar a Europa Viva.
Como podem compreender este texto não podia ser senão uma «crónica», isto é, o pulsar subjectivo de uma experiência humana e religiosa.
Tal com estava determinado chegámos ao Carmelo de S. José em Fátima eram 15:30. A irmã Marta recebeu-nos com a agitação e a alegria próprias de uma irmã rodeira, isto é, da pessoa que faz a passagem do mundo «cá de fora» para o «mundo lá de dentro». Uma irmã rodeira é ao mesmo tempo, porteira, recepcionista e telefonista que vive e absorve a agitação típica do mundo «cá de fora».
Como lhe compete, depois da recepção amável e simpática que nos ofereceu, informou a Madre, por telefone interno, da nossa presença e encaminhou-nos para o Locutório, isto é, para uma sala, dividida por uma grade, através da qual, uma carmelita descalça comunica com o mundo.
- Tínhamos começado a aventura da dissonância entre nós e um mundo, completamente outro, habitado por 19 mulheres.
Sentámo-nos nas cadeiras que circundam a sala junto à parede, do lado de cá da grade e esperámos alguns minutos pela Madre Prioresa do Convento, referência máxima de autoridade e decisão num Convento de Clausura.
Quando a porta do lado das grades se abriu o espanto invadiu a nossa natural ansiedade.
A Madre, Irmã Cristina vive há 19 anos no Carmelo S. José em Fátima mas a sua atitude despretensiosa, humana, simples e profundamente actual relativamente às coisas do mundo, não nos indicava uma mulher de 43 anos de idade vivendo há 19 anos em clausura. Na «outra» sua vida, a irmã Cristina foi psicóloga, e segundo nos contou desenvolvia um trabalho com toxicodependentes.
©Ana Paula Lemos