Mas agora torna-se inevitável a pergunta de Pilatos: o que é a verdade? E como se a reconhece?
Se para isso tornarmos à “razão pública”, como faz Rawls, segue-se a pergunta: Que coisa é “ragionevole”? Como se demonstra a verdade da razão? Em cada caso faz-se o evidente que, na busca pelo direito de liberdade, da verdade da justa convivência deve ser, ouvir as diversas instâncias com respeito a partidos e grupos de interesse, sem com isso querer contestar a sua importância.
Voltamos assim à estrutura da Universidade medieval. A par da faculdade de Jurisprudência estava a faculdade de Filosofia e de Teologia, a quem era confiada a procura do Homem, do Ser na sua totalidade e desta busca, se obtinha a sensibilidade para a verdade. Pode-se mesmo dizer que este é o sentido permanente e verdadeiro das duas faculdades: ser custódia da sensibilidade pela verdade, não permitir que o homem se afaste da sua procura. Mas como pode ele corresponder a essa tarefa? Esta é uma pergunta que nos afadiga sempre e que nunca é colocada e resolvida em definitivo. Assim, nem eu vos posso oferecer uma resposta, antes um convite a permanecer em caminho com esta questão – em caminho com os grandes que ao longo de toda a história, lutaram e procuraram, com as suas respostas e inquietudes, a verdade, que nos coloca sempre para lá de uma simples resposta.
Teologia e Filosofia formam em si um peculiar par de gémeos, em que nenhum dos dois pode ser separado por completo do outro e todavia, cada um deve conservar o seu próprio fim e a sua própria identidade. É mérito histórico de São Tomás de Aquino – face à diferente resposta dos padres a propósito do seu contexto histórico – ter defendido a autonomia da filosofia e com ela o direito e a responsabilidade própria da razão que se interroga.
Diferenciando-se da filosofia neoplatónica, em que religião e filosofia estavam inseparavelmente unidas, os Padres tinham apresentado a fé cristã com a verdadeira filosofia, sublinhando também que esta fé corresponde às exigências da razão na busca da verdade; que a fé é o “sim” à verdade com respeito a religiões míticas tornadas hábitos. Depois, com o nascimento da Universidade, no Ocidente, não existiam mais aquelas religiões, apenas o cristianismo e por isso era necessário sublinhar, de uma forma nova, a responsabilidade própria da razão que não era absorvida pela fé. Tomás agiu num momento privilegiado: pela primeira vez os escritos filosóficos de Aristóteles estavam acessíveis na íntegra; estavam vivas as filosofias árabes e hebraicas como apropriações e prossecuções específicas da filosofia grega.
Se para isso tornarmos à “razão pública”, como faz Rawls, segue-se a pergunta: Que coisa é “ragionevole”? Como se demonstra a verdade da razão? Em cada caso faz-se o evidente que, na busca pelo direito de liberdade, da verdade da justa convivência deve ser, ouvir as diversas instâncias com respeito a partidos e grupos de interesse, sem com isso querer contestar a sua importância.
Voltamos assim à estrutura da Universidade medieval. A par da faculdade de Jurisprudência estava a faculdade de Filosofia e de Teologia, a quem era confiada a procura do Homem, do Ser na sua totalidade e desta busca, se obtinha a sensibilidade para a verdade. Pode-se mesmo dizer que este é o sentido permanente e verdadeiro das duas faculdades: ser custódia da sensibilidade pela verdade, não permitir que o homem se afaste da sua procura. Mas como pode ele corresponder a essa tarefa? Esta é uma pergunta que nos afadiga sempre e que nunca é colocada e resolvida em definitivo. Assim, nem eu vos posso oferecer uma resposta, antes um convite a permanecer em caminho com esta questão – em caminho com os grandes que ao longo de toda a história, lutaram e procuraram, com as suas respostas e inquietudes, a verdade, que nos coloca sempre para lá de uma simples resposta.
Teologia e Filosofia formam em si um peculiar par de gémeos, em que nenhum dos dois pode ser separado por completo do outro e todavia, cada um deve conservar o seu próprio fim e a sua própria identidade. É mérito histórico de São Tomás de Aquino – face à diferente resposta dos padres a propósito do seu contexto histórico – ter defendido a autonomia da filosofia e com ela o direito e a responsabilidade própria da razão que se interroga.
Diferenciando-se da filosofia neoplatónica, em que religião e filosofia estavam inseparavelmente unidas, os Padres tinham apresentado a fé cristã com a verdadeira filosofia, sublinhando também que esta fé corresponde às exigências da razão na busca da verdade; que a fé é o “sim” à verdade com respeito a religiões míticas tornadas hábitos. Depois, com o nascimento da Universidade, no Ocidente, não existiam mais aquelas religiões, apenas o cristianismo e por isso era necessário sublinhar, de uma forma nova, a responsabilidade própria da razão que não era absorvida pela fé. Tomás agiu num momento privilegiado: pela primeira vez os escritos filosóficos de Aristóteles estavam acessíveis na íntegra; estavam vivas as filosofias árabes e hebraicas como apropriações e prossecuções específicas da filosofia grega.