"Guerra e Paz" é uma obra de fôlego da literatura europeia, um dos grandes romances do final do século XIX que a língua e a cultura russas produziram. Foi escrito por um homem que ficou no imaginário colectivo da Rússia como um génio literário, um gigante das letras, reconhecido em todo o mundo não só por este romance, mas também por "Anna Karenina", e com um percurso de produção literária múltipla, feito com novelas, contos, peças de teatro e ensaios. O seu nome é Leão Tolstói. Nasceu em Agosto de 1828, no seio de uma família de tradição aristocrática, estudou direito e línguas orientais, cursos que não acabou, alistou-se no exército e viajou pela Europa em pelo menos 2 ocasiões, morrendo em 1910, retirado do mundo, despojado de tudo, em resultado de uma escolha pessoal de regresso à natureza, uma espécie de um pacifismo radical. Entre 1865 e 1869 escreveu este épico, cheio de inovações literárias, onde reflecte sobre a Guerra e a Paz no contexto das invasões napoleónicas de 1805 e 1812, e onde nos leva numa viagem pela Europa, e na Rússia entre Moscovo e S. Petersburgo, acompanhando as famílias Bezukhov, Rostov e Bolkonsky, entre cerca de 500 outras personagens, que incluem por exemplo o próprio Napoleão. Há uma fusão intencional entre a parte ficcional e o desenrolar dos acontecimentos históricos, pois através deste meio Tolstói sonhava encontrar a "verdade" da História e da narração da mesma para as gerações futuras.
Os dois filmes dos quais pudemos ver uma parte inicial trazem-nos dois olhares diferentes mas muito interessantes da obra. O primeiro de Sergei Bondarchuk data de 1968, e foi uma "produção de regime". Acompanha a própria megalomania do romance: 120.000 figurantes fardados, 8 horas de duração, reprodução quase fiel das cenas com utilização dos espaços dos museus e palácios mencionados no romance, reconstituição histórica o mais fiel possível com uma caracterização psicológica dos personagens certa e segura. Teve uma recepção unânime na época. O segundo filme, realizado por King Vidor, é uma versão de Hollywood de 1956 onde podemos ver grandes nomes: Audrey Hepburn como Natacha, Henry Fonda como Pierre e Mel Ferrer como Andrei. Sendo uma versão mais condensada não é de todo superficial na abordagem e leva-nos igualmente para dentro da reflexão de Tolstói: O que move os homens para a Guerra? Que preço pagam os soldados? E as nações? E o que ganham? Honra e glória? Morte e desventura? E o que é maior: a ânsia de grandes feitos que ficarão inscritos para a posteridade, a amizade verdadeira, os laços de sangue e de família, o amor de uma mulher ou de um filho?“
Os dois filmes dos quais pudemos ver uma parte inicial trazem-nos dois olhares diferentes mas muito interessantes da obra. O primeiro de Sergei Bondarchuk data de 1968, e foi uma "produção de regime". Acompanha a própria megalomania do romance: 120.000 figurantes fardados, 8 horas de duração, reprodução quase fiel das cenas com utilização dos espaços dos museus e palácios mencionados no romance, reconstituição histórica o mais fiel possível com uma caracterização psicológica dos personagens certa e segura. Teve uma recepção unânime na época. O segundo filme, realizado por King Vidor, é uma versão de Hollywood de 1956 onde podemos ver grandes nomes: Audrey Hepburn como Natacha, Henry Fonda como Pierre e Mel Ferrer como Andrei. Sendo uma versão mais condensada não é de todo superficial na abordagem e leva-nos igualmente para dentro da reflexão de Tolstói: O que move os homens para a Guerra? Que preço pagam os soldados? E as nações? E o que ganham? Honra e glória? Morte e desventura? E o que é maior: a ânsia de grandes feitos que ficarão inscritos para a posteridade, a amizade verdadeira, os laços de sangue e de família, o amor de uma mulher ou de um filho?“
Maria Alexandra Campos