sexta-feira, março 07, 2008

Estado do Mundo - Fragmentos de João Barrento

«...Da obscenidade do mundo contemporanêo fazem parte, tanto o regresso do discurso politico que usa Deus em nome da guerra, como as muitas formas de ruído e desconversa que desconhecem e agridem o mais intimo sentimento do eu e ignoram o tempo lento que o discurso interiorizado exige, para lá dos gritos estridentes da palavra desamparada…
Nenhum poder olhará assim para o estado do mundo, para o seu retrato vivo. Mas a cultura que também está no quadro (se bem que hoje em lugar periférico e traje ligeiro) a cultura terá de fazê-lo, sob pena de estar a promover e a pôr em acto o esquecimento com estratégias de ilusão, em vez de estimular a memória, cultivar a denúncia, arriscar a provocação do mundo acomodado.
Se o fizer, como hoje o não faz a cultura do populismo mediático dominante, todos os seus dias serão necessariamente dias do juízo, de revisão permanente do estado do mundo, porque neste mundo totalmente secularizado a arte a cultura poderão ser o lugar do grande tribunal, e o Juízo final faz-se todos os dias, aqui e agora...»
O Jardim Devastado e o Perfil da Esperança
João Barrento
in O Estado do Mundo, pag 67




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