D' Os miseráveis – Livro de Victor Hugo – Filmes de Jean-Paul Le Chanois, Robert Hossein e Josée Dayan
Publicado em 1862, “Os miseráveis” é talvez uma das obras maiores da literatura europeia e sem dúvida da França do século XIX. Escrita por Victor Hugo, expoente máximo do Romantismo em França, ensaísta, novelista, poeta, dramaturgo, activista dos direitos humanos e estadista, leva-nos numa viagem que se inicia em 1815, e onde acompanhamos os passos de Jean Valjean, saído da prisão após cumprir uma pena de 4 anos por roubar um pão, acrescida de mais 15 por tentativa de evasão! Apesar de livre das correntes, transporta consigo um passaporte amarelo que o identifica como ex-condenado, o que faz dele um pária ao qual todas as portas se fecham, a quem ninguém quer vender pão ou dar abrigo. Este é um homem amargurado pelas injustiças que sofreu, descrente da bondade humana. E ele próprio esqueceu que tem coração.
Após uma noite descansada na residência do bispo da cidade de Digne (primeira pessoa que em tantos anos lhe sorri e lhe oferece uma refeição quente e um convívio realmente digno de uma pessoa humana), cede ao impulso e rouba o talher de prata com o qual tinha comido a sopa horas antes. Apanhado pela polícia e confrontado com o bispo é surpreendido pela atitude deste, que não só mente dizendo que o talher era uma oferta como, depois de despedir a polícia, o convida a levar também os castiçais em prata maciça. E provocadoramente lhe diz que acabou de o comprar… De comprar a sua alma, para o Bem, para o caminho recto da redenção. E é por aí que tudo muda… Subitamente este homem converte-se e propõe-se a reparar todo o eventual mal que tenha feito, a não deixar que mais injustiças se cometam à sua volta… E este é apenas o principio da história que nos leva por uma série de personagens cativantes, desde Javert, o comissário da polícia que se propõe voltar a capturar Valjean, a Fantine, a pobre operária explorada, a Cosette, filha de Fantine, maltratada pelos taberneiros Thénardier, a Marius e Eponine heróis das Barricadas de Paris em 1832, entre muitos outros.
Numa abordagem diferente, vimos três “primeiras partes” de três filmes de realizadores franceses: Jean-Paul Le Chanois (versão de 1958), Robert Hossein (versão de 1982) e Josée Dayan (versão para televisão de 2000). E neste visionamento “comparativo” observámos como cada olhar de cada realizador deu destaque diferenciado a pormenores, cenas ou diálogos. Os próprios personagens ganharam um cariz ora mais político, ora mais cerebral, ora mais moderno, e o seu peso na história aumentou ou foi reduzido consoante a abordagem escolhida. Até os próprios cenários e enquadramentos da acção em nada eram semelhantes entre si. E assim tivemos oportunidade de experimentar, nesta diversidade criativa, a riqueza do romance de Victor Hugo e da inspiração que continua a trazer para a 7ª arte.”
Publicado em 1862, “Os miseráveis” é talvez uma das obras maiores da literatura europeia e sem dúvida da França do século XIX. Escrita por Victor Hugo, expoente máximo do Romantismo em França, ensaísta, novelista, poeta, dramaturgo, activista dos direitos humanos e estadista, leva-nos numa viagem que se inicia em 1815, e onde acompanhamos os passos de Jean Valjean, saído da prisão após cumprir uma pena de 4 anos por roubar um pão, acrescida de mais 15 por tentativa de evasão! Apesar de livre das correntes, transporta consigo um passaporte amarelo que o identifica como ex-condenado, o que faz dele um pária ao qual todas as portas se fecham, a quem ninguém quer vender pão ou dar abrigo. Este é um homem amargurado pelas injustiças que sofreu, descrente da bondade humana. E ele próprio esqueceu que tem coração.
Após uma noite descansada na residência do bispo da cidade de Digne (primeira pessoa que em tantos anos lhe sorri e lhe oferece uma refeição quente e um convívio realmente digno de uma pessoa humana), cede ao impulso e rouba o talher de prata com o qual tinha comido a sopa horas antes. Apanhado pela polícia e confrontado com o bispo é surpreendido pela atitude deste, que não só mente dizendo que o talher era uma oferta como, depois de despedir a polícia, o convida a levar também os castiçais em prata maciça. E provocadoramente lhe diz que acabou de o comprar… De comprar a sua alma, para o Bem, para o caminho recto da redenção. E é por aí que tudo muda… Subitamente este homem converte-se e propõe-se a reparar todo o eventual mal que tenha feito, a não deixar que mais injustiças se cometam à sua volta… E este é apenas o principio da história que nos leva por uma série de personagens cativantes, desde Javert, o comissário da polícia que se propõe voltar a capturar Valjean, a Fantine, a pobre operária explorada, a Cosette, filha de Fantine, maltratada pelos taberneiros Thénardier, a Marius e Eponine heróis das Barricadas de Paris em 1832, entre muitos outros.
Numa abordagem diferente, vimos três “primeiras partes” de três filmes de realizadores franceses: Jean-Paul Le Chanois (versão de 1958), Robert Hossein (versão de 1982) e Josée Dayan (versão para televisão de 2000). E neste visionamento “comparativo” observámos como cada olhar de cada realizador deu destaque diferenciado a pormenores, cenas ou diálogos. Os próprios personagens ganharam um cariz ora mais político, ora mais cerebral, ora mais moderno, e o seu peso na história aumentou ou foi reduzido consoante a abordagem escolhida. Até os próprios cenários e enquadramentos da acção em nada eram semelhantes entre si. E assim tivemos oportunidade de experimentar, nesta diversidade criativa, a riqueza do romance de Victor Hugo e da inspiração que continua a trazer para a 7ª arte.”
©Maria Alexandra Campos