“Módulo de Cinema e Literatura – A Costa dos Murmúrios – Livro de Lídia Jorge – Filme de Margarida Cardoso
Na Moçambique portuguesa, no final dos anos 70, em plena ofensiva das tropas nacionais à guerrilha da Frelimo, há uma história dos que ficam na capital. Das que ficam. Das mulheres dos oficiais que se entregam à sua solidão, que questionam o sentido da guerra, os “sonhos que sonharam”, a censura do “não dito”, dos crimes encobertos ou disfarçados. Como Evita. Ou então, das mulheres que se entregam a uma espera sem esperança, anulando o que são, fugindo do mundo, escolhendo a reclusão como penitência para o medo de arriscar e mudar de vida. Como Helena.
Nada é realmente o que parece e Evita pergunta: “Que distância vai do ser ao parecer?”
É uma terra de murmúrios, de véus, de sombras. Um mundo onde, nas palavras de Álvaro, não há força para se enfrentar o que se é. “Aqui ninguém lê. Aqui decifra-se.”, diz o jornalista a Evita.
Filme profundamente belo, na sua imagem e cor saturadas, cheio de detalhes que, sem palavras, nos remetem para a época, e nos falam dessa angústia que todos os personagens carregam consigo. Filme que seguindo opções narrativas diferentes das do livro, se mantém fiel ao seu tom, ao seu espírito. Utilizando, como disse Lauro António, uma “rara decência de narrar”. E como foi dito em tom de fecho, a fidelidade na adaptação de uma obra vem não da cópia e da transposição directa mas de uma recriação artística. O que é verdade para esta obra e também para as que vamos ter oportunidade de ver neste Seminário.
Um óptimo começo portanto!”
Na Moçambique portuguesa, no final dos anos 70, em plena ofensiva das tropas nacionais à guerrilha da Frelimo, há uma história dos que ficam na capital. Das que ficam. Das mulheres dos oficiais que se entregam à sua solidão, que questionam o sentido da guerra, os “sonhos que sonharam”, a censura do “não dito”, dos crimes encobertos ou disfarçados. Como Evita. Ou então, das mulheres que se entregam a uma espera sem esperança, anulando o que são, fugindo do mundo, escolhendo a reclusão como penitência para o medo de arriscar e mudar de vida. Como Helena.
Nada é realmente o que parece e Evita pergunta: “Que distância vai do ser ao parecer?”
É uma terra de murmúrios, de véus, de sombras. Um mundo onde, nas palavras de Álvaro, não há força para se enfrentar o que se é. “Aqui ninguém lê. Aqui decifra-se.”, diz o jornalista a Evita.
Filme profundamente belo, na sua imagem e cor saturadas, cheio de detalhes que, sem palavras, nos remetem para a época, e nos falam dessa angústia que todos os personagens carregam consigo. Filme que seguindo opções narrativas diferentes das do livro, se mantém fiel ao seu tom, ao seu espírito. Utilizando, como disse Lauro António, uma “rara decência de narrar”. E como foi dito em tom de fecho, a fidelidade na adaptação de uma obra vem não da cópia e da transposição directa mas de uma recriação artística. O que é verdade para esta obra e também para as que vamos ter oportunidade de ver neste Seminário.
Um óptimo começo portanto!”
©Maria Alexandra Campos