«A minha ideia é simples e clara. Ela foi descoberta por Walter Benjamim, na sua obra sobre as «passagens» de Paris. As passagens, para ele, eram o lugar onde a modernidade, na sua forma essencial, foi concebida. Porque a forma do mundo moderno não é a imensidão do mundo. É pelo contrário, o espaço interior para onde se transporta o mundo. Na medida em que as estruturas dos paraisos artificiais aumentam, a politica torna-se nada mais do que a arte de climatizar o «palácio de cristal». Percebemos, assim, a relação entre essa concepção lírica do espaço, em Rilke, e o espaço benjaminiano, isto é: o interior em busca da sua própria totalização e a abolição do exterior».
In Se a Europa Acordar, Relógio de Água, 2008