Como todos os grandes intelectuais do seu tempo, Goethe também viajou pela Itália. Nas Obras Escolhidas de Goethe a Relógio D' Água publicou no volume seis, a Viagem a Itália.
Trata-se de um relato que nos acompanhará pelos locais que os viajantes da Europa Viva vão percorrer em Junho próximo na Sicília: exactamente os mesmos lugares que Goethe palmilhou no século XVIII com notáveis apreciações que muito nos ajudarão a olhá-los, senão de maneira diferente, pelo menos com outra atenção.
Assim, publicaremos alguns textos de Goethe sobre os lugares por onde também vamos passar na nossa viagem à Sicília.
Começamos por Palermo.
Palermo, 3 de Abril de 1787
«Esta carta deveria, na medida do possível, fazer-vos participar de um dos mais belos prazeres: deveria conter a descrição desta baía incomparável e da sua enorme massa de água. Estende-se do lado nascente, onde montes mais baixos descem até ao mar, passando por muitos rochedos irregulares mas de bom aspecto, cobertos de floresta, até ás casas de pescadores dos arrabeldes, continuando depois pela própria cidade, cujas casas deste ladoestão todas voltadas para o porto, como acontece com o nosso alojamento, e até á porta por onde entrámos.
Depois, prolonga-se para poente, passando pelo ancoradouro onde acostam os barcos mais pequenos, até ao porto própriamente dito, no molhe, que acolhe os navios de maior porte. Aí ergue-se o poente, para proteger todas as embarcações , o Monte Pellegrino nas suas belas formas, depois de ter deixado entre si e na terra interior um ameno e fértil vale que se estende até à ponta do mar.»