George Steiner, professor universitário e um dos maiores enciclopedistas vivos, senão mesmo o maior, autor de uma vasta obra publicada em português, sobretudo pela Relógio d'Àgua, embora tenha sido a Gradiva a editar um dos seus últimos livros, A Ideia de Europa; George Steiner, dizia eu, entra mansamente no auditório I da Fundação Gulbenkian agarrado ao seu cachimbo, e na companhia de Rui Vilar, Presidente da Fundação, para abrir um ciclo de conferencias, pensado por ele, Steiner, cuja designação ficou conhecida por A Ciência Terá Limites?
Steiner cerrou os olhos na alcatifa côr de champangne da Fundação, indiferente à presença dos jornalistas, por quem aliás, não nutre estima aparente, e ouve sereno, as palavras de Rui Vilar sobre o seu imenso saber, quase imperturbável.
George Steiner lê com a voz do pensador. Pára frequentemente para contar «estórias» sempre relacionadas com a magna história - A Ciência Terá Limites? -dirigindo-se sempre para o essencial da sua intervenção: o saber é finito, a ciência está dividida até ao pormenor, e a própria matemática move-se em axiomas, eles mesmos finitos.
Steiner quis deixar tudo em aberto...mas foi lembrando que a cosmologia é infantil quando não autoriza que se pergunte, mas afinal, o que existia antes do Big Bang? Ou que não suporta a ideia de saber que milhões de crianças morrem de fome diáriamente mas os governos continuam a gastar milhões de euros na investigação nuclear, e que ainda que a ciencia avançe, e claro, é muito bom que nunca deixe de avançar, o essencial da resposta ao que somos, viverá sempre noutro lugar.